quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Opinião: Rainha do Ar e das Trevas (Os Artifícios Negros #3)

Título Original: Queen of Air and Darkness (2018)
Autor: Cassandra Clare
ISBN:  9789897772221
Editora: Planeta (2019)

Sinopse:
Sangue inocente foi derramado nos degraus do Conselho, a fortaleza sagrada dos Caçadores de Sombras. Na esteira da trágica morte de Livia Blackthorn, a Clave está à beira da guerra civil. Uma parte da família foge para Los Angeles com o intuito de descobrir a origem da doença que está a destruir os feiticeiros.

Julian e Emma tomam medidas desesperadas para empreenderem uma perigosa missão a Faerie para recuperar o Livro Negro dos Mortos. Mas o que encontram é um segredo que pode dilacerar o Mundo das Sombras e abrir um caminho demasiado sombrio.

Numa corrida contra o tempo Emma e Julian têm de salvar o Mundo dos Caçadores de Sombras antes que o poder mortal dos parabatai os destrua e a todos os que amam.

Opinião:

Quem acompanha o blogue sabe que adora os livros relacionados com Caçadores de Sombras Cassandra Clare. Como tal, claro que estava ansiosa por ler o último volume da trilogia "Os Artifícios Negros". Rainha do Ar e das Trevas surge numa edição que enche logo os olhos. É que além da capa lindíssima, as mais de 700 páginas dão-nos a entender que vem aí mais uma história envolvente e muitas novas informações. Talvez as minhas expectativas estivessem demasiado elevadas...

As primeiras páginas foram algo confusas. Li a volume anterior desta historia, Senhor das Sombras, em 2017, ou seja, quase há dois anos. Por isso mesmo, sentia necessidade de uma leve recordações dos últimos acontecimentos e das personagens. É que esta nova parte da história retoma o desfecho do livro anterior, o que faz com que a narrativa inicia logo a um ritmo rápido. E com muitas figuras intervenientes. Deu para lembrar o ponto da situação, mas procurei um anexo com descrição rápida das personagens de modo a conseguir voltar a ligar os nomes à ideia que tinha de cada uma. Demorei um pouco neste processo e senti-me algo perdida em alguns momentos.

Passados os primeiros capítulos, senti-me bem encaminhada para uma leitura rápida e interessada. Vemos os nossos heróis envoltos em diferentes problemáticas. Por um lado, Julian e Emma estão devastados com o que aconteceu a Livvy e procuram vingança. Ao mesmo tempo, percebem que a Clave está a seguir um caminho perigoso que poderá ameaçar Caçadores de Sombras e outros seres e ainda têm de lidar com a doença misteriosa que está a afetar os feiticeiros. Isto tudo enquanto tentam escapar à maldição dos parabatai que se apaixonam.

Mas as 700 páginas não são apenas focadas nas aventuras e problemas do casal protagonista. Outras personagens voltam a ter destaque e a terem capítulos que lhes são completamente dedicados. Isto sendo que cada núcleo tem também os seus desafios próprios. Como podem ver, sim, o livro é grande mas tem muitos assuntos a serem abordados. Portanto esta é uma leitura que ocupa tempo, mas que não é aborrecida. Há sempre muito a acontecer.

A trama central passa por momentos muito distintos e reviravoltas. Algumas delas são bem interessantes, tal como a visita de a uma realidade paralela ou a reflexão sobre o que nós seríamos se eliminássemos o amor da nossa vida. Contudo, gostaria de ter visto uma maior consistência em tudo o que é relatado, uma vez que alguns momentos parece que nada acrescentaram ao plano geral dos acontecimentos. Quando aos enredos secundários, apreciei a forma como Ty lidou com o seu luto e a forma como a dor foi exposta de uma forma tão diferente, tendo em conta o seu transtorno.

Era uma grande fã do triângulo Cristina, Mark e Kieran, mas não fiquei convencida com os desenvolvimentos feitos neste núcleo. Os capítulos que lhes são dedicados pouco acrescentam ao geral da situação. Além disso, o desfecho que lhes é dado pareceu-me algo forçado na necessidade da autora de tornar a sua história o mais inclusiva possível. Senti o mesmo com o caso de Diana, que era uma figura que parecia mais revelante para a trama, mas que, no final, pareceu servir apenas para servir um propósito de inclusão. É claro que Cassandra Clare se sentiu impelida a criar um mundo onde abordava várias questões relacionadas com sexualidade e identidade de género. Tudo certo em alguns casos, que pareceram naturais, mas houve outros que mais parecem uma obrigação.

A minha parte preferida de Rainha do Ar e das Trevas é a analogia que a autora faz entre os acontecimentos centrais na Clave e a nossa realidade. Ultimamente, temos registado o aumento de casos extremistas, onde a não aceitação do outro por ser diferente de alguma forma gera um ódio que afeta a sociedade de forma profunda. Cassandra Clare fez uma ótima comparação. Desde os verdadeiros motivos do ódio à alimentação deste sistema por questões económicas e de poder, a autora faz-nos pensar. Ao mesmo tempo, alerta para a importância de resistências unidas e que entendam que o respeito e a cooperação podem ser a solução.

Gostei muito de ler este livro, apesar de, admito, estava à espera de sentir um encanto diferente. Ainda assim, gostei da mensagem geral de amor e união. E, claro, é sempre bom sentir que Cassandra Clare constói um mundo que não termina por aqui, mesmo que este arco de história tenha encontrado o seu desfecho. Fico entusiasmada por perceber que há outras personagens que poderão dar origem a novas aventuras. Agora é ficar a aguardar.


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