quinta-feira, 29 de março de 2018

Opinião: Batman: Vigilante Noturno (DC Icons #2)

Título Original: Batman: Nightwalker (2018)
Autor: Marie Lu
Tradução: Rui Azeredo
ISBN: 9789898869784
Editora: TopSeller (2018)

Sinopse:

Antes de ser Batman, ele era Bruce Wayne: um rapaz impetuoso e disposto a tudo por uma rapariga que pode ser o seu pior inimigo.

Os noturnos aterrorizam Gotham City
Alguns milionários da cidade foram assassinados dentro das suas mansões, e as suas fortunas simplesmente desapareceram. Os responsáveis formam uma organização muito bem preparada que diz lutar contra a injustiça e a corrupção dos poderosos. Deles só se conhece o nome, Noturnos.

Bruce Wayne é o próximo da lista
Enquanto isso, Bruce está prestes a fazer dezoito anos e a herdar a fortuna da família, bem como as chaves das Indústrias Wayne e todos os seus fantásticos dispositivos tecnológicos. Mas, na noite do seu aniversário, um ato impulsivo condena-o a prestar serviço comunitário no Asilo Arkham, a infame prisão onde se encontram os piores criminosos da cidade.

Madeleine, uma assassina letal
O prisioneiro mais interessante de Arkham é Madeleine, uma rapariga brilhante com ligações aos Noturnos. Para chegar até eles e evitar ser o próximo alvo, Bruce tem de convencê-la a falar. Mas será que Madeleine confia mesmo em Bruce? Estará ela a divulgar os seus segredos ou a recolher dele a informação de que precisa para destruir Gotham City?

Opinião:

O Batman é um dos meus heróis preferidos do universo DC, por isso claro que tinha de ler a história que lhe foi dedicada nesta colecção. Para quem não sabe, vários autores conhecidos foram convidados a recriarem o início das aventuras de alguns protagonistas bastante populares e o resultado está a ser a série DC Icons. A primeira heroína a ser retratada foi a Mulher-Maravilha, cujo livro já tive a oportunidade de ler (opinião aqui). Segue-se agora uma nova versão sobre o que levou Bruce Wayne a criar o Batman.

Marie Lu foi a autora convidada a tomar em mãos este desafio. Fiquei satisfeita por não perder muito tempo a explicar a base da história de Bruce Wayne, por se tratar de algo que é do conhecimento de todos os que conhecem o mínimo do seu passado. A autora preferiu focar-se no início da idade adulta desta personagem, mostrando que ao celebrar 18 anos, Bruce não só atinge a maioridade como ainda toma em mãos toda a fortuna e responsabilidade das empresas dos seus pais. E no meio de tudo isto, Marie Lu ainda cria uma justificação nova e diferente para o que terá levado este jovem a tornar-se um herói para Gotham City.

A personalidade de Bruce Wayne foi adaptada a esta idade. Apesar de mais jovem e até ingénuo, percebe-se nele os traços que vão ficar mais vincados na idade adulta. Aliás, o desenrolar desta narrativa tenta mesmo fornecer mais um motivo para ele se ter tornado no justiceiro misterioso de Gotham. Percebe-se que é um jovem magoado, mas leal, atento ao que o rodeia e crítico no que toca à sociedade em que vive. Não se pode dizer que surpreenda, mas faz o seu papel e não desilude.

À volta de Bruce estão outras personagens nossas conhecidas. Cada uma ocupa o seu lugar devido, sendo divertido saber à partida o que lhes vai acontecer num futuro mais longínquo. Desta forma, somos levados a pensar na complexidade das relações e na forma como o tempo as pode alterar. Entre este grupo, destaco Alfred e Harvey Dent. Contudo, também existem figuras novas que fornecem perspectivas diferentes e nos deixam na dúvida sobre os seus verdadeiros objectivos e valores morais. Neste grupo, incluo Madeleine, como não poderia deixar de ser, mas também Draccon.

A narrativa apresenta ritmo e faz-nos ter vontade de ler o que vem a seguir. Os momentos de acção não são exagerados, havendo maior foco para o mistério e relacionamento das personagens. Confesso que existem certas circunstâncias que podem parecer forçadas, nomeadamente o motivo que leva Bruce, um bilionário de 18 anos, a cumprir serviço comunitário em Arkham, prisão onde estão os criminosos mais perigosos da cidade. Contudo, este espaço é essencial para o desenrolar da acção e para que Bruce conheça Madeleine, uma figura que o intriga a ele e ao leitor.

Num livro destinado ao público jovem-adulto existe o risco de haver um certo exagero no que toca às relações amorosas. Felizmente, tal não aconteceu nesta aventura, apesar de se sentir logo ao início uma forte atracção entre Bruce e outra personagem. Para o leitor, pode não ser fácil entender inicialmente como tal é possível, mas gostei do desfecho que a autora conseguiu dar a esta questão. As personagens não ficam loucas de amor e acabam por se manterem fiéis ao que acreditam, o que é muito importante para a história.

Batman: Vigilante Noturno proporcionou-me uma leitura interessada, divertida e descontraída. Marie Lu respeitou a personagem mas também conseguiu dar o seu cunho pessoal a esta aventura. O final é satisfatório, não só pela história agradável como também pelas reflexões que provoca em temas como a justiça e as desigualdades sociais. Estou a gostar do rumo da colecção e expectante com a obra que se segue, que será escrita por Sarah J. Maas (autora da série de sucesso "Trono de Vidro") e dedicada a Catwoman. Venha ela!

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