quarta-feira, 16 de março de 2016

Opinião: O Discípulo (Sebastian Bergman #2)

Título original: Lärjungen (2010)
Autor: Hjorth & Rosenfeldt
Tradução: Jorge Pereirinha Pires
ISBN: 9789896650667
Editora: Suma de Letras (2016)

Sinopse:

Numa Estocolmo em chamas, assolada por uma onda de calor, várias mulheres são encontradas brutalmente assassinadas. Os assassinatos têm a marca de Edward Hinde, o assassino em série preso por Bergman há quinze anos, e que continua detido. Sendo um incontestável profiler e perito em Hinde, Sebastian é reintegrado na equipa, e não demora muito a perceber que tem mais ligações com o caso do que pensava. Todas as vítimas estão diretamente ligadas a eles. E a sua filha pode estar em perigo.

Opinião:

Depois de ter gostado tanto de ler Segredos Obscuros (opinião aqui), o primeiro livro da série "Sebastian Bergman", de autoria de Michael Hjorth e Hans Rosenfeldt, foi com grande expetativa que comecei a leitura deste O Discípulo. Mais uma vez, o livro surgiu após uma campanha de comunicação muito divertida e misteriosa proposta pela editora Suma de Letras e à qual tive todo o prazer de me juntar. Como tal, também eu muito curiosa com a trama que aí vinha, não resisti e peguei no livro assim que ele me chegou às mãos.

Senti-me agarrada à história logo nas primeiras páginas. Os autores começam por dar conhecer um crime e fizeram com que eu ficasse logo com muita vontade de perceber quem era o autor daquele homicídio e qual era a causa que o tinha levada a tal acto hediondo. Depois disso, de já estar eu própria a reunir algumas pistas, é que surgem as personagens que acompanhámos no primeiro volume da saga.

Confesso que estava com medo de não me recordar bem das características de cada uma delas e de ter dificuldades em voltar a ligá-las aos nomes (tenho alguns problemas nesta campo, ainda mais quando são nomes incomuns), mas felizmente não foi nada disso que senti. Assim que elas começaram a surgir percebi que estava perante pessoas que já conhecia muito bem. Agora era só perceber de que forma eles estavam a evoluir.

Sebastian está diferente. Terminado o livro, dei por mim a pensar no quão mais divertido é acompanhar as aventuras de uma figura que choca pelo comportamento e que é tao quebrada por dentro. Sebastian é tão imperfeito sob o ponto de vista de personalidade que acaba por ser uma personagem de ficção excelente. Ele faz-nos recordar que todos nós somos feitos por camadas, que cometemos erros e que, por mais que não queiramos deixar transparecer, procuramos redenção. Gostei do facto de ele estar em evolução e por, desta vez, ter sido desafiado não só no campo intelectual como também emocional.

E Sebastian não é o único a transformar-se enquanto estes crimes estão a ser desvendados. Vanja, que muitas vezes parece representar a capacidade das mulheres vingarem no mundo masculino, mostrou o seu lado mais egoísta. Ela estão tão concentrada em superar-se que acaba por não aceitar bem quando vê outros a fazerem melhor que ela. Gosto de Vanja pela força, energia e astúcia, mas desta vez a sua constante irritação dava vontade de entrar no livro e contar-lhe alguns segredos.

Billy também teve uma evolução muito agradável. Ele passou um pouco despercebido no primeiro volume, mas agora mostra novas possibilidades, quer seja pela sua vontade em se destacar quer pelo facto de não gostar de falhar a ninguém. Já Haraldson, por quem senti piedade no livro anterior, deixou-me irritada desta vez. Custa perceber como é que alguém pode cometer tais erros!

O desenvolvimento dos crimes foi feito de uma forma que captava a atenção. Havia um bom equilíbrio entre as várias componentes da trama. Gosto do facto de ter entrado na mente do assassino sem sequer saber qual era a sua identidade e, desta forma, tentar perceber o que o levou a tais actos. Os passados das personagens envolvidas está bem conseguido, mas gostaria que tivesse existido um maior mistério quando a uma determinada figura. A conclusão é de cortar a respiração e fez-me ler cerca de 100 páginas sem parar.

Para além de assistirmos à descoberta de um assassino em série, também nos deixamos embrenhar nos dramas individuais e relações das personagens. O Discípulo é um thriller que enche todas as medidas, apresenta uma história completa e que ainda nos dá pistas sobre quais serão os desenvolvimentos do próximo volume desta saga. A dupla Hjorth e Rosenfeldt conquistou-me.

Outras opiniões a livros de Hjorth & Rosenfeldt:
Segredos Obscuros (Sebastian Bergman #1)

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