quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Opinião: Separação (O Jardim Químico #3)

Título original: Sever (2013)
Autor: Lauren DeStefano
Tradutor: Natália Fortunato
ISBN: 9789896575427
Editora: Planeta (2014)

Sinopse: 

Após ter suportado o que há de pior em Vaughn, Rhine encontra um improvável aliado no seu irmão, um inventor excêntrico chamado Reed. Obtém refúgio na sua casa em ruínas, apesar de as pessoas que deixou para trás se recusarem a permanecer no passado. Enquanto Gabriel assombra as memórias de Rhine, Cecily está determinada a continuar ao lado de Rhine, embora os sentimentos de Linden estejam ainda divididos entre ambas.
Entretanto, o crescente envolvimento de Rowan na resistência clandestina obriga Rhine a procurá-lo antes que faça algo de irremediável. Mas o que descobre pelo caminho tem implicações alarmantes no seu futuro e no passado que os pais nunca tiveram oportunidade de lhe explicar.

Opinião:


Separação encerra a trilogia “O Jardim Químico”, de Lauren DeStefano. Neste volume, a autora revela o destino das suas personagens, mas aquilo que mais me fez ficar agarrada ao livro foi mesmo o desvendar deste mundo sem esperança. Finalmente são dadas algumas respostas cruciais, mas talvez não todas as que desejei. Foi com interesse que verifiquei que mistérios do passado podem condicionar o futuro, e que o verdadeiro inimigo nem sempre é que o aparenta ser.
 
Rhine mantém as características que já tinha apresentado nos dois livros anteriores, o que quer dizer que permanece uma personagem que não impressiona e é previsível. Para além disso, também senti que não tinha objectivos concretos, afinal, no início sugere uma posição que será mais tarde alterada. Não me pareceu coerente e sim demasiado instável. 

Curiosamente, as figuras que mais gostei de acompanhar neste livro foram duas personagens que me desagradaram nos anteriores: Cecily e Vaughn. Cecily, a irmã-esposa de Rhine, evolui de uma criança mimada para uma jovem mulher dona de uma personalidade cativante. O sofrimento dela é tocante, e a forma como mesmo assim enfrenta os obstáculos que lhe são colocados à frente é impressionante devido à grande energia e força de vontade que transmite. O seu desfecho é dos que mais me agradaram. 

Depois existe Vaughnn, que desde o ínicio é visto como o “vilão” desta narrativa. Ele representa a ideia de que “os fins justificam os meios”. Os seus métodos são chocantes mas, por diversas vezes ao longo da leitura, deu por mim a pensar se ele seria realmente um monstro ou se lá no fundo não haveria um coração. Gostei que alguns aspectos da sua história fossem revelados, e ainda mais de o ver como um ser humano. 

Quanto ao triângulo amoroso que existe desde o início entre Rhine, Linden e Gabriel, neste volume existe apenas uma sombra desta relação. É visível que a protagonista nutre sentimentos pelos dois rapazes, mas estes são diferentes apesar de às vezes a confundirem. Não é um triângulo que me tenha cativado, pois não senti a química entre estas figuras. Para além disso, Linden voltou a provar que é facilmente manipulado, quer seja pelo pai quer pelas suas esposas, e Gabriel tem uma aparição fugaz e que pouco acrescenta.


Achei a narrativa mais emocionante do que a dos dois livros anteriores. Isto acontece devido aos acontecimentos, que surgem uns a seguir aos outros de uma forma mais rápida. Também o facto de começarem a aparecer diversas revelações fez com que continuasse a ler na esperança de perceber cada vez melhor este mundo. Devo dizer que, num plano geral, gostei da ideia das consequências das alterações genéticas feitas em humanos na busca da “geração perfeita”. E aqui refiro-me ao que isso fez à esperança média de vida da população como à forma como a sociedade ficou alterada de uma forma decadente. Também apreciei bastante a ideia de que quando algo de mau acontece, é necessário encontra um bode expiatória a quem direccionar toda a angústia e dor.


Contudo, houve alguns aspectos que não me convenceram. Em primeiro lugar, não ficou explicado o motivo para que toda a série tenha o nome de “O Jardim Químico”. Este conceito é explicado, sim, mas de uma forma muito breve e que em pouco ou nada condiciona a trama. Também o desfecho de Linden pareceu-me descabido, devido à forma forçada que a autora o decidiu fazer. Para além disso, as acções do irmão de Rhine não foram bem justificadas, sendo ainda que ele mais pareceu uma marionete do que um rapaz revoltado e idealista.


Separação é um livro que acaba por corresponder ao que Raptada e Delírio já tinham apresentado. O mundo é apelativo, mas poderia ter sido muito melhor explorado se as personagens tivessem características mais realistas. O facto de esta história ter sido toda narrada pelo ponto de vista de Rhine fez com que no final ficassem pontas soltas. Mas não deixa de ser curioso verificar como Lauren DeStefano trouxe esperança a esta história que parecia não ter solução.

Outras opiniões a livros de Lauren DeStefano:
Raptada (O Jardim Químico #1)
Delírio (O Jardim Químico #2)

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