Uma Biblioteca em Construção: Opinião: Delírio (O Jardim Químico #2)

Título Original: Fever (2012)
Autor: Lauren DeStefano
Tradução: Nuno Daun e Lorena
ISBN: 9789896573348
Editora: Planeta (2013)

Sinopse:

Rhine e Gabriel fugiram da mansão, mas o perigo nunca ficou para trás. Para Rhine de dezassete anos, a arriscada fuga do casamento polígamo parece ser o princípio do fim. A evasão leva Rhine e Gabriel a uma armadilha sob a forma de uma feira popular, cuja dona mantém várias raparigas prisioneiras, Rhine acaba de fugir de uma prisão dourada para se meter noutra ainda pior.
A jovem acaba por percorrer um cenário tão sombrio como o que deixou há um ano - que reflecte os seus sentimentos de medo, desespero e desesperança. Com Gabriel a seu lado está decidida a chegar a Manhattan para se encontrarem com Rowan, o irmão gémeo, mas a viagem é longa e perigosa e o que Rhine espera que seja uma segurança relativa revelar-se-á muito diferente.
Num mundo onde as raparigas só vivem até aos vinte anos e os rapazes até aos vinte e cinco, o tempo é precioso e Rhine não tem como escapar nem iludir o excêntrico sogro Vaughn, que está determinado a levá-la de novo para mansão... a todo o custo. Nesta sequela de Raptada, a heroína tem de decidir se a liberdade vale a pena, pois tem mais a perder do que nunca.

Opinião:

Após os eventos passados em Raptada, o primeiro volume desta saga, acompanhamos a fuga de Rhine e Gabriel por um mundo em decadência. E se a mansão do Governador limitou a narrativa o espaço da narrativa do primeiro livro, eis que agora o campo espacial se abre de uma forma desconcertante, o que leva as personagens a sentirem-se perdidas e desorientadas.

Neste segundo volume, Rhine volta a passar por provações, sendo que, desta vez, a protagonista se interroga sobre as opções que tomou. Longe do conforto da mansão, Rhine sente-se livre, mas não da forma que desejava e, deste modo, a sua resistência física e mental é colocada à prova. Surge então a justificação para este título.

Com o desenrolar da ação, Rhine vai ficando cada vez mais fraca, não só devido ao cansaço e às desilusões, mas devido a uma maleita misteriosa que a leva a entrar num estado de apatia e onde a realidade se confundo com as ilusões. Os desejos e receios da protagonista estão cada vez mais em evidência aos nos serem relatados sobre a forma de delírios. A personalidade da protagonista volta a não impressionar e as suas atitudes são demasiado previsíveis.

Paralelamente, é-nos dado a conhecer um novo leque de personagens, onde destaco a conformada e bondosa Lilac, a louca e autoritária Madame, o irreverente e irónico Silas e misteriosa Maddie, uma criança malformada que parece ter mais conhecimentos do que aquilo que aparenta. Gabriel volta a ser uma presença constante nesta obra, apesar de não ser uma personagem forte. A evolução deste rapaz é quase impercetível e faz-nos desejar ver nele maiores sentimentos de incompreensão e revolta pela sua nova condição.

A narrativa deste volume é mais lenta e pode possuir momentos mais monótonos do que o primeiro, já que é muito focada nos pensamentos da protagonista. Os momentos de delírio podem ainda causar alguma confusão na leitura, já que existem umas poucas passagens que não explicitam bem o que realmente aconteceu e o que foi produto da imaginação da protagonista.

Apesar de a trama parecer ter menos força do que a do primeiro volume, as descrições estão melhor conseguidas. É com facilidade que percebemos o ambiente do decadente parque de diversões de Madame, da calorosa e atulhada casa de Claire e da devastação dos espaços exteriores. Com isto, cresce o desejo de conhecer melhor esta sociedade e descobrir o que está para acontecer.

Delírio é um livro centrado numa fuga e nos sentimentos de esperança, frustração, medo e desânimo das personagens. No final, percebe-se que este volume funciona como um elo de ligação entre uma introdução e um derradeiro livro onde os mistérios que foram surgindo vão finalmente ser resolvidos. Por esse motivo, apenas tem força quando analisado com a restante trilogia, pois sozinho não marca o leitor. Aconselho a quem ficou rendido por Raptada e quer continuar a descobrir o mundo criado por Lauren DeStefano.