sexta-feira, 29 de junho de 2012

Entrevista: Sandra Carvalho


No dia em que Sandra Carvalho comemora o seu aniversário o blog Uma Biblioteca em Construção publica a entrevista que a autora tão gentilmente nos concedeu. Escritora de high fantasy, Sandra Carvalho tem vindo a afirmar o seu lugar na ficção portuguesa através de “A Saga das Pedras Mágicas”, onde narra as aventuras de três gerações de mulheres de uma família que tem vindo a conquistar leitores. Apaixonada pela escrita, nunca imaginou vir a ter um texto publicado, mas a intervenção de quem a ama fez com que começasse a dar os primeiros passos no mundo editorial na coleção Via Láctea, da Editorial Presença.Um grande agradecimento à Sandra pela simpatia, disponibilidade e pelas respostas tão interessantes. Desejos de um aniversário repleto de alegria e de um futuro de sucessos!

Uma Biblioteca em Construção (U.B.C.) - Sei que, no início, tinha receio de ver o seu trabalho avaliado, tanto que nem conseguiu enviar o primeiro manuscrito a uma editora. Pode falar um bocadinho disso?
Sandra Carvalho (S.C.) - Eu comecei a escrever muito cedo, pela necessidade de partilhar as ideias que pululavam na minha cabeça com a minha família e amigos. Durante anos, enchi cadernos com pequenos contos, devaneios, pedaços de sonhos… Também tive sempre curiosidade em pesquisar sobre os assuntos que me apaixonavam, por isso, as minhas histórias eram uma forma de dar a conhecer a realidade de outras culturas àqueles que me são próximos. Ao longo do tempo, a escrita tornou-se um vício, uma necessidade imperiosa, uma imensa satisfação. No entanto, nunca tive a ambição de publicar. Até dizia que esse era o sonho que eu não me atrevia a sonhar! Comecei a devorar livros muito cedo e tinha noção de como era difícil publicar. Para mais, as minhas histórias tinham “ingredientes” de fantasia e, sempre que procurava pelo género nas livrarias, não encontrava autores portugueses. Daí nunca ter pensado muito no assunto. Além disso, como escrevia por impulso, por paixão, a maior parte das histórias tinham princípio, mas não tinham fim. Quando uma nova paixão surgia, a anterior ficava a aguardar por um estímulo que reacendesse a inspiração. Isso irritava os meus amigos, porque se entusiasmavam pelo enredo e acabavam “suspensos”. A Saga ocupou sempre um lugar especial no meu coração, pois era o universo onde me divertia a explorar o meu interesse de infância pelas culturas Celta e Viquingue. Quando terminei aquela que planeava ser a primeira parte da narrativa, entreguei-a ao meu marido. Depois de lê-la, ele nunca mais me deu tréguas, insistindo que enviasse o manuscrito para uma editora. Recusei-me a fazê-lo durante anos! Estava tão apaixonada pelo enredo, os cenários, as personagens, que era como se “esse mundo” já fizesse parte de mim. Logo, se submetesse “o meu mundo” à avaliação de um profissional e recebesse uma crítica negativa, tudo perderia o sentido; seria o fim da paixão, o fim do sonho. Quando percebeu que eu não tencionava fazer nada, o meu marido decidiu informar-se sobre as editoras. A Editorial Presença já publicava a Colecção Via Láctea, dedicada ao Fantástico, e com um autor português, o Filipe Faria, por isso pareceu-lhe a escolha óbvia. Certo dia, chegou a casa com um envelope, pegou no manuscrito e atirou-me um beijo. E foi assim que esta aventura começou!


U.B.C - Recorda a resposta que obteve da Editorial Presença? Quais foram os sentimentos?
S. C. - Quando atendo o telefone e me dizem que a Editorial Presença está interessada no meu projecto, dou por mim sentada no chão, a rir sem controlo ao mesmo tempo que chorava compulsivamente. Foi uma verdadeira explosão de emoções, de tal forma que tive de pedir que me ligassem mais tarde, porque não conseguia falar. Imagino o quanto isto soa estranho… Porém, existem sensações que são impossíveis de descrever por palavras!!! Foi algo realmente extraordinário, único!


U.B.C - Qual é a importância do contacto com os leitores?
S. C. - Eu comecei a escrever para os meus amigos e é isso que continuo a fazer. Os meus leitores são os meus companheiros de aventura; amigos muito especiais que conhecem intimamente o meu coração e a minha alma através das palavras que escrevo. Adoro trocar experiências e emoções e, se alguém se apaixonou pelo universo que criei ao ponto de estar mais de uma hora à espera de falar comigo, eu vou querer saber tudo o que essa pessoa pensou e sentiu quando mergulhou na história. É uma satisfação ouvir alguém dizer que já leu os livros cinco, seis vezes e que continua a descobrir novas sensações a cada leitura. É maravilhoso ter uma família sentada ao meu lado; três gerações a conversarem com o mesmo entusiasmo sobre o universo que criei: a mãe que leu o livro e o recomendou à filha que, por sua vez, ficou tão entusiasmada que o entregou à avó. É um prazer escutar uma jovem mulher dizer que começou a ler a Saga aos treze anos e cresceu com as minhas palavras. Ao longo destes anos divertimo-nos, comovemo-nos, apaixonámo-nos e sonhámos de mãos dadas. Sem os meus companheiros de aventura seria impossível viver este sonho!

U.B.C - Quem acompanha a saga assiste a uma grande evolução na narrativa, quer seja em termos de escrita quer seja em termos de elementos. O tempo e a experiência fazem com que seja mais fácil escrever sobre este mundo?
S. C. - O tempo é um grande professor e a experiência concede-nos ferramentas para superar mais facilmente os obstáculos que vão surgindo. Não é fácil escrever uma história que cruza três gerações. Se, no início, tinha de escrever a pensar no futuro, agora tenho de planear o futuro e recordar o passado para que tudo se conjugue na perfeição. Fico feliz quando me dizem que reconhecem nos últimos livros as consequências dos incidentes ocorridos nos primeiros. Tudo isso é fruto de anos de planeamento. Muitas cenas da Saga tiveram origem em ideias que foram surgindo na minha adolescência, registadas nos caderninhos de que vos falei. Após tantos anos, histórias dispersas, simples devaneios sem nenhuma ligação entre si, acabaram por se encaixar como peças de puzzle no decorrer da narrativa. Os primeiros livros são mais puros porque foram criados para os meus amigos, sem que me passasse pela cabeça que haveriam de ser publicados. Agora existe, obviamente, maior cuidado na apresentação das ideias e na escolha das palavras. Além disso, se pensarmos que a Saga já tem sete volumes e que, em todos eles, existem encontros e desencontros entre as personagens, rituais, aventuras e batalhas, acresce a responsabilidade de imaginar episódios diferentes, únicos, para que todos os instantes resultem numa experiência nova e surpreendente para o leitor.


U.B.C -  Os livros da saga apresentam o endereço do site dedicado à sua obra. Os leitores aproveitam este espaço para entrarem em contacto consigo?
S. C. - Nesse espaço os leitores têm acesso ao meu e-mail: sandracarvalho29@yahoo.com
Usam-no não só para dar a sua opinião, mas muitas vezes para trocar impressões ou pedir esclarecimentos. Desde o início que tento responder pessoalmente a todas as mensagens. Se alguém gostou tanto de um livro que se deu ao trabalho de procurar o endereço do autor para felicitá-lo, o mínimo que esse autor pode fazer é retribuir com um agradecimento! Nos últimos tempos (e felizmente, porque é sinal de que a Saga tem despertado muitas paixões!), tenho recebido tantas solicitações que tem sido difícil manter o correio em dia. Contudo, mesmo que demore um pouco, os meus companheiros de aventura podem contar com uma resposta.
Os dois primeiros livros têm Catelyn como protagonista


U.B.C - A Saga das Pedras Mágicas não estava pensada, inicialmente, para ter sete volumes? O que aconteceu?
S. C. - Na verdade, a Saga foi pensada para seis volumes, dois para cada geração de personagens. Porém, enquanto escrevia as “Lágrimas do Sol e da Lua”, a minha menina guerreira Thora começou a ganhar uma relevância que não estava prevista. Ao refrescar a pesquisa que tinha feito sobre os rituais de iniciação dos jovens viquingues, para fundi-la com o misticismo e o universo da Saga, a imaginação descontrolou-se. Quando dei por mim, tinha mais cenas escritas do que seria possível publicar em dois livros. E todas me encantavam, por isso cortar estava fora de questão. Foi assim que surgiu “O Círculo do Medo”. Thora ensinou-me que, por mais que se planeie todos os passos, existem sempre surpresas ao longo do caminho que nos desviam da intenção original. Ficou, então, decidido que a Saga teria sete livros… Até que, ao elaborar o enredo de “O Filho do Dragão”, achei importante fazer alguma investigação sobre distúrbios mentais, para melhor compor a personalidade do Halvard. E vi-me novamente tão entusiasmada no desenvolvimento da personagem, que se tornou impossível descrever a sua complexidade em poucas linhas. Por isso, foi acordado com a Presença a publicação do oitavo volume da Saga. Em conclusão, esta é a magia do processo criativo! Assim como não se controlam os sonhos, também é impossível colocar rédeas na imaginação quando se escreve com paixão.


U.B.C - O final da saga já está decidido?
S. C. - Quando escrevi a primeira linha da Saga já sabia como desejava que terminasse. Ao longo dos anos, acabaram por surgir surpresas na evolução de algumas personagens e no brilho que estas deram à história. Porém, a essência da narrativa manteve-se fiel ao projecto original e assim será até ao fim.


U.B.C - Os leitores terão de voltar a esperar três anos pelo próximo volume? O final de “O Filho do Dragão” faz ansiar por continuação.
S. C. - Sei que os meus companheiros de aventura estavam habituados a ter um livro novo todos os anos e que se angustiaram com a espera. Mas creio que todos compreendem que não é fácil tecer uma narrativa tão elaborada, sem muita pesquisa e planeamento. Além disso, para quem possui outros compromissos e responsabilidades para além da escrita, por vezes torna-se difícil atender a todas as solicitações. E quando a exaustão nos vence, instala-se o caos!!! O facto de “O Filho do Dragão” estar a ficar demasiado volumoso, não só levou à decisão de publicar um oitavo livro, como aditou a necessidade de rever o que estava feito, o que contribuiu para que a espera se tornasse maior. A boa notícia é que, em todo esse processo, grande parte do oitavo livro ficou delineada. Por isso, como a escrita está a fluir bem, espero terminá-lo antes do fim do ano, para que a Presença possa publicá-lo no início de 2013.

U.B.C -  É possível escolher entre as tramas de Catelyn, Edwina e Kelda?
S. C. - Cada leitor tem a sua narradora preferida e é engraçado verificar que essa escolha acaba por advir da sua própria personalidade. A Catelyn é doce e pura, a Edwina racional e determinada, a Kelda uma guerreira apaixonada. Para mim, as três são especiais. Fizeram-me crescer e aprender, rir e chorar, ter ataques de fúria e indignação, desfrutar de horas intermináveis de prazer. Todas me acompanharam em fases diferentes da vida e acabaram por deixar marcas no meu coração. Todas representaram um desafio diferente e cativante. Todas têm um pouco de mim.

U.B.C -  Qual é o segredo para a construção das personagens?
S. C. - Na Saga, todas as personagens são pensadas como indivíduos com personalidade. O objetivo é fazer com que o leitor fique com a sensação de que está perante homens e mulheres reais; que veja claramente o brilho dos seus olhos, que os oiça a respirar, que inspire o perfume dos seus cabelos e o odor do seu suor. Depois, que sinta a sua alegria, a sua dor, o ciúme e a inveja, a paixão e a motivação que os impele. Acho que o segredo para consegui-lo está na emoção colocada nas palavras. E o autor adquire esse poder quando entra na pele de cada personagem até escutar os seus pensamentos. Há que deslindar como é que alguém, com aquele perfil, reagiria perante determinada situação. Complicado? Não! Torna-se um pouco cansativo, porque as emoções estão sempre ao rubor. Todavia, quando me confronto com o resultado final é imensamente divertido e compensador. Não é à toa que digo que o Halvard me fez cabelos brancos!!! De todas, sem dúvida foi a personagem mais difícil compor. No entanto, já tive a satisfação de escutar a opinião de leitores com formação na área, que me asseguraram que a personagem está perfeitamente construída, muitíssimo bem enquadrada, com um realismo arrepiante. Isso representa uma grande vitória, atendendo não só à agonia que foi submergir na sua loucura, mas, principalmente, porque estava a desbravar trilhos desconhecidos e pantanosos.  

Edwina é a protagonista destes três livros da Saga


U.B.C - As capas da Saga são feitas especialmente para livro. Gosta desse toque especial que conferem à sua obra?
S. C. - As capas da Saga são feitas por um artista que se chama Samuel Santos. No início, uma das questões que coloquei à Presença foi precisamente se o autor da capa se daria ao trabalho de ler a obra. Como leitora, muitas vezes era atraída pela capa de um livro e, ao acabar de lê-lo, ficava frustrada por não encontrar relação entre a obra e a capa. Não desejava que isso acontecesse com a Saga. No entanto, foi-me garantido que o Samuel lia todos os livros sobre os quais trabalhava. E isso deixou-me bastante satisfeita. Sou fã do seu trabalho e tenho vindo a acompanhar com agrado a sua evolução. Inclusive, nos últimos três livros, o Samuel teve a gentileza de aceitar as minhas sugestões, por isso as capas resultam da magia do seu traço inspirada nas minhas descrições, o que as torna muitíssimo especiais para mim.


U.B.C -  É fácil aceitar as opiniões que surgem sobre a saga?
S. C. - Sem dúvida. Felizmente, de acordo com os contactos que mantenho, acho que os meus companheiros de aventura estão bastante satisfeitos com o meu trabalho e reconhecem o esforço que tenho feito para melhorar. É uma felicidade ouvir dizer que a Saga os ajudou a tomar decisões importantes ou a superar uma fase menos boa da vida; que a história os fez sonhar, sorrir, voltar a ganhar coragem para abrir o coração... Todavia, desse orgulho resulta uma enorme responsabilidade, por isso não me esqueço de manter os pés bem assentes na terra. No fim, tenho perfeita noção de que não se pode agradar a todos! Por vezes surge alguém que critica determinada cena por, na sua opinião, ser demasiado violenta ou sensual, ou que se assume descontente com o rumo que certa personagem tomou… Não escrevo para agradar nem para chocar. Escrevo por instinto, pelo prazer de visualizar uma história dentro da mente e dar-lhe vida através das palavras. Acho que o respeito é um valor fundamental e todas as pessoas têm o direito de emitir a sua opinião, desde que o façam com educação. As críticas não me incomodam de todo, se forem construtivas. Afinal, estamos sempre a aprender e a Saga tem sido uma longa caminhada. Se o meu imaginário tem o poder de conduzir os leitores ao comentário e ao debate, só tenho de me alegrar por isso. Mau seria se, ao fecharem os livros, os arrumassem nas prateleiras e se esquecessem deles.


U.B.C - De onde nasce a inspiração para escrever?
S. C. - Eu tive a sorte de nascer em Sesimbra, entre o mar e a Serra da Arrábida. Sou filha de um pescador e de uma contadora de histórias nata. Tive uma infância maravilhosa, a nadar na praia e a correr na serra. Nunca me faltaram livros e brincadeiras. E, graças a Deus, sempre tive alguém por perto para responder à infinidade de perguntas que colocava. Tenho uma curiosidade insaciável e uma imaginação que nunca dorme. Aliás, muitas cenas da Saga são produto de sonhos! No fim, a minha inspiração nasce de toda a minha vivência: de tudo o que aprendi, das músicas que ouvi, dos livros que li, dos filmes que vi, das pessoas que conheci, das emoções que experimentei. O facto de ser bastante tímida tornou-me observadora. E o mundo à nossa volta é uma inesgotável fonte de inspiração.


U.B.C - O que mais lhe agrada em poder partilhar histórias com outras pessoas?
S. C. - A maior satisfação de contar uma história é saber que, durante o tempo em que a partilha se concretiza, as pessoas esquecem a sua realidade, por vezes a sua identidade, e mergulham num universo de sonho e aventura, que se divertem, que se comovem, que vivem intensamente cada cena como se fizessem parte dela. Este ano, na Feira do Livro de Lisboa, uma senhora que acabara de comprar “O Filho do Dragão” teve a gentileza de partilhar a sua experiência comigo. Contou que demorou anos até se decidir a comprar “A Última Feiticeira”. Tinha medo de que a história fosse demasiado infantil e superficial, por estar enquadrada na literatura Fantástica. Contudo, um dia decidiu arriscar… E três dias depois estava a comprar “O Guerreiro Lobo”. Em menos de um mês já tinha lido os seis livros e sofria à espera do sétimo. Terminou a dizer-me: “Obrigada por me relembrares de como é bom sonhar.” Acho que este testemunho é revelador da verdadeira magia da Saga: a partilha de emoções, o prazer de dar e receber.

Os últimos livros sa Saga são narrados por Kelda


U.B.C - O Fantástico é o género de eleição?
S. C. - Enquanto crescia, fui devorando todos os livros a que conseguia deitar a mão. Por isso, habituei-me a apreciar muitos géneros literários. Ao longo dos anos, as histórias que fui escrevendo afloravam diversos temas. No entanto, depressa percebi que o Fantástico me concedia liberdade para explorar, em simultâneo, os mais variados assuntos, sem ter de assumir compromissos históricos ou geográficos. Só para vos dar um exemplo, do mesmo modo que sucederia se estivesse a ler um romance histórico, o leitor da Saga vai conhecer a realidade das culturas Celta e Viquingue, descobrir como esses povos viviam, o que comiam e bebiam, como se vestiam, como eram as suas aldeias, as suas casas, os seus animais; que deuses adoravam, como navegavam, como guerreavam… Contudo, enquanto que num romance histórico o autor teria de se preocupar em situar no mapa o espaço da sua narrativa, saber quais os reis que governavam na época e que batalhas foram travadas, eu pude criar os meus próprios cenários, dar vida aos meus reis e imaginar as suas batalhas. Em suma, a Saga das Pedras Mágicas resulta na fusão de todas as minhas paixões. É um romance onde a dura vivência de dois povos se cruza com a aventura e a comédia, o crime e o terror, a política e a religião, a história e fantasia. Todavia, não fiquem com a ideia de o Fantástico é mais fácil de compor do que outro género literário. Pelo contrário! No que à Saga se refere, enquanto que um escritor de romance histórico se preocupa com os factos e a beleza das palavras, eu tenho igualmente de me preocupar com os factos e a beleza das palavras, ao mesmo tempo que torno a narrativa credível aos olhos do leitor. O maior desafio está em fazer-vos acreditar, ainda que por um momento, que a magia é algo tão real como o ar que respiramos. É um trabalho árduo que deve parecer fácil e fluído aos olhos do leitor, para que tudo resulte na perfeição. Porém, também é muito divertido! Os únicos limites com que um autor de Fantástico se depara são aqueles que a sua imaginação lhe impõe.


U.B.C - Quais são os autores que não consegue deixar de acompanhar?
S. C. - Infelizmente, e com grande vergonha, tenho de confessar que, desde que comecei a publicar, deixei de ter tempo para ler livros que não estejam relacionados com a pesquisa que necessito de fazer para elaborar a Saga. No entanto, quando me perguntam sobre os meus autores de referência, é impossível não falar de Hans Christian Andersen, Enid Blyton, os irmãos Grimm, Edgar Rice Burroughs, Robert Heinlein, Emilio Salgari, Arthur Conan Doyle, Agatha Christie, Edgar Allan Poe, Anne Rice, Tolkien, Juliet Marillier, entre outros. Destaco Marion Zimmer Bladley pela escrita apaixonante e Michael Crichton que, sendo um autor multifacetado, soube combinar prodigiosamente a fantasia e a ciência nas suas obras.


U.B.C - Já existem ideias para novos livros?
S. C. - Os meus queridos caderninhos guardam muitas ideias que, com pesquisa e ponderação, podem conduzir a boas histórias. No entanto, acho que só vou decidir qual será o próximo projecto a abraçar no instante em que escrever a última linha da Saga. Além disso, também existe a possibilidade de, mais tarde, regressar a este universo que me é tão querido. Os leitores pedem-me insistentemente que desvende a sorte de algumas personagens que se foram desviando da narrativa principal. Da mesma forma que desejam conhecer as origens dos Povos da Terra, da Água, do Ar e do Fogo… Veremos!

U.B.C -Que deseja vir ainda a alcançar enquanto autora?
S. C. - Mal comecei, por isso ainda tenho muito que aprender, imenso terreno para explorar e barreiras para ultrapassar. Realizei um sonho que sempre acreditei ser impossível, mas é preciso trabalhar muito, mesmo muito!!!, para que o sonho não feneça. A luta contra o cansaço e a falta de tempo é colossal. No entanto, a paixão pela escrita supera tudo isso! Desde que haja saúde e continue a desfrutar do apoio dos meus companheiros de aventura, o entusiasmo nunca esmorecerá e existirão sempre histórias para contar.



Opiniões:
A Última Feiticeira (primeiro volume de "A Saga das Pedras Mágicas")
O Guerreiro e o Lobo (segundo volume de "A Saga das Pedras Mágicas")
Lágrimas do Sol e da Lua (terceiro volume de "A Saga das Pedras Mágicas")
O Círculo do Medo (quarto volume de "A Saga das Pedras Mágicas")
Os Três Reinos (quinto volume de "A Saga das Pedras Mágicas")

6 comentários:

Anónimo disse...

Excelente entrevista! Parabéns a ambas!

Cláudia disse...

Obrigada =)

Sara Costa disse...

Em primeiro lugar, quero dizer que a entrevista está uma delícia! Muito boa mesmo! Aqui está uma autora (e portuguesa!), que não pára de me surpreender! Sou fanática por high fantasy desde os meus 12 anos, só nessa idade descobri a minha paixão por este género, mas continuo a devorar livros de todos os géneros literários, mas esta Saga das Pedras Mágicas veio atiçar o meu gosto pelo fantástico! Uma história até agora muito bem conseguida em que cada pormenor não é escrito ao acaso e graças a Thor que assim o é, porque às vezes quando estou a ler um livro tenho a sensação que nem todos os autores me parecem "realistas" naquilo que escrevem. E esta Saga, de facto, consegue fazer com o que o leitor se sinta parte da história, que esqueça tudo à sua volta e passe a ser o protagonista, às páginas tantas nós já nem nos lembramos que que trata de um livro de high fantasy! Todo o romance, os cenários de guerra, todos os conflitos e alegrias são vividas ao máximo deste lado de cá, como se isso estivesse efectivamente a acontecer-nos e é maravilhoso! Eu não percebo nada no que toca à crítica Literária, mas devo dizer que de todos os livros que já li deste tipo (a maior parte de autores estrangeiros), esta Saga das Pedras Mágicas, a par das semelhanças dos primeiros livros com os da Juliet Marillier, é sem dúvida a melhor Saga, a mais apaixonante que já tive o prazer de ler até agora e sou sincera, nunca esperei vir a dizer isto de um autor de português e até que enfim temos AUTORES PORTUGUESES que prometem dar que falar para os apreciadores do género. Obrigada Sandra por partilhares esta mágica aventura connosco. Espero ansiosamente pelo último capítulo! Nem que tenha que esperar mais 2 anos ou 3, não interessa, desde que se mantenha fiel ao guião que idealizou para a sua história eu esperarei até ao fim para ler o tão aguardado final!

Cláudia disse...

Fico feliz por teres apreciado a entrevista Sara =)*

Luisa Bernardino disse...

Gostei bastante da entrevista. Parabéns! Só gostaria de dizer que mal acabei de ler O Filho do Dragão enviei um e-mail a Sandra Carvalho e nunca obtive resposta. Fiquei triste porque sou uma grande fã da saga.

Cláudia disse...

Obrigada Luisa =) Quanto ao mail, isso é um pouco estranho. A autora é acessível e no meu caso respondeu prontamente.