sexta-feira, 28 de junho de 2019

Opinião: O Destino do Assassino

Título Original: Assassin's Fate (2017)
Autor: Robin Hobb
Tradução: Jorge Candeias
ISBN: 9789897731556
Editora: Saída de Emergência (2019)

Sinopse:

Fitz Cavalaria deixou para trás a pele de assassino, mas nem assim encontrou paz. Depois do rapto de Abelha, e acreditando que ela está morta, Fitz e o Bobo partem em busca de vingança. Nenhum Servo estará a salvo. A missão revela-se surpreendente, com o reencontro com velhos amigos e a descoberta de novos aliados Fitz ainda é um homem temido, e o Bobo continua a ter segredos por desvendar.
O destino dos dois amigos ficará para sempre selado à medida que as respostas aos mistérios antigos são reveladas, num final épico, intenso e empolgante.

Opinião:

É uma sensação agridoce a despedida de uma série que acompanhamos há muitos anos e que agora chega ao fim. Claro que é fantástico perceber o destino dado a cada personagem que acarinhados ao longo deste tempo, mas ler as últimas páginas é uma tarefa feita já com saudosismo e nostalgia. Foi o que aconteceu com a saga "Assassino e o Bobo", a última sobre estas personagens de Robin Hobb.

Por muito que desejasse pegar logo neste livro quando ele foi publicado, não o fiz. Queria adiar a despedida, sentir que ainda tinha tempo para viver acompanhar Fitz e o Bobo pela última vez. Mas não consegui adiar mais e a leitura começou. Primeiro com alguma lentidão, mas passados os capítulos iniciais a velocidade já começava a aumentar, tal era a curiosidade em saber tudo o que ia acontecer.

Robin Hobb vai intercalando a perspetiva de Fitz com a de Abelha. Esta decisão fornece ao leitor uma visão mais ampla da história e proporciona um ritmo mais rápido. Nos capítulos de Fitz, sentimos o desespero por vingança e por fazer algo para recuperar a filha. É curioso perceber como a personagem evoluiu ao longo da sua vida, mas conseguiu manter a essência inalterada. Percebe-se que Fitz é um homem cansado que dá a ideia de que está a guardar forças para uma derradeira demanda. Sente-se o peso que ele carrega provocado pelo anos de provações, tristezas, arrependimentos e incertezas. Contudo, também há nele um grande amor e carinho por aqueles que sempre estiveram ao seu lado. Nos capítulos de Fitz, continuamos a assistir a um Bobo misterioso que alterna entre estados. Esta continua a ser uma personagem intrigante, que parece agir pelo desespero de corrigir erros e de cumprir algo em que acredita com toda a sua fé.

Já tinha dito em opiniões anteriores que fiquei rendida a Abelha, e agora volto a repetir: que personagem incrível! Abelha passou de menina que tenta passar despercebida e que vive num mundo próprio para uma jovem que é forte e capaz de tudo para se manter viva. Há nela um espírito guerreiro que não se adivinhava à partida, mas que torna as páginas que lhe são dedicadas hipnotizantes. Arrepiei-me com o que ela sofreu, graças a descrições diretas e sem censura da autora. Nestes capítulos, Robin Hobb mostra o que de pior podemos encontrar na humanidade e faz-nos temer o que podemos fazer uns aos outros. Ainda assim, Abelha torna-se símbolo de resistência e de espírito inquebrável.

O desenrolar da história está bem conseguido, com um encadeamento orgânico e que nos faz acreditar que tudo o que é narrado poderia mesmo ter acontecido. Adorei que os navios vivos fossem introduzidos na fase final desta saga, uma vez que fiquei muito curiosa com este conceito quando Robin Hobb esteve em Portugal e falou sobre eles no Fórum Fantástico. A presença mais forte dos dragões também gera curiosidade por toda a mística, respeito e até terror a ele associados.

O desfecho fez todo o sentido. Pode não ser aquele que mais desejei, mas é o que tem maior fundamento. As últimas páginas deste livros apresentam uma despedida que honra as personagens de Fitz e do Bobo e que honra a história de ambos. A forma como isso é encarado por todos os outros intervenientes da ação é muito bonita e emotiva. Sim, as lágrimas espreitaram, mas o sorriso nos lábios também esteve presente. Assim faz sentido.

O Destino do Assassino superou as expetativas e encerrou com chave de ouro uma história que merecia terminar assim. Despedi-me de Fitz, do Bobo e de todas as outras personagens que acompanhei nesta aventura. Despedi-me, mas acredito que não os vou esquecer. É fantástico quando personagens da ficção se tornam tão marcantes, não é? Os meus parabéns a Robin Hobb.

Sem comentários: