segunda-feira, 11 de abril de 2016

Opinião: Pede-me o Que Quiseres e Eu Dar-te-ei (#4)

Título Original: Pídeme lo que quieras y yo te lo daré (2015)
Autor: Megan Maxwell
Tradução: Ana Maria Pinto da Silva
ISBN: 9789896577711
Editora: Planeta (2016)

Sinopse:

Apesar das discussões que as diferentes personalidades provocam, o empresário Eric Zimmerman e Judith Flores continuam tão apaixonados como no dia em que os seus olhares se cruzaram pela primeira vez. Juntos formaram uma linda família que adoram e pela qual são capazes de fazer qualquer coisa. Flyn, o menino que Judith conheceu ao chegar a Munique, é agora um adolescente, e como acontece na maior parte dos jovens, a sua vida complica-se e afecta todos à sua volta.O advogado Björn e a ex-tenente Mel continuam a bonita história de amor, junto da pincesa Sami. Sem dúvida que a convivência os beneficiou muito. Mas há algo que Björn não consegue de Mel: que se case com ele.As relações entre os dois casais vão de vento em popa. Amam-se, respeitam-se, nada parece fora do lugar, até que de súbito, pessoas e surpresas do passado irrompem nas suas vidas e põem tudo de pernas para o ar.Serão capazes de superar esta reviravolta inesperada? Conseguirão com o amor que professam? Ou mudarão os sentimentos para sempre?Se quer saber, não perca Pede-me o Que Quiseres e Eu Dar-te-ei, a esperada continuação da série mais erótica de Megan Maxwell.

Opinião:

Pede-me o Que Quiseres e Eu Dar-te-Ei parece ser a resposta de Megan Maxwell aos fãs que queriam saber como estavam Eric e Judith. Digo isto porque este livro poderia muito bem não existir, uma vez que vem acrescentar muito pouco à história deste par. Ao longo de mais de dois terços do livro, existe apenas um relato de uma vida de casal, com os seus momentos felizes e problemas. Só na última fase da trama é que acontece algo relevante, mas nem isso é convenientemente explorado.

Este livro parece não ter propriamente uma história, mas sim momentos. Digo isto porque, já a meio da leitura, dei por mim a pensar: "mas afinal qual é o enredo? Onde está o problema principal que tem de ser resolvido e condicionada toda a ação? O que procuro encontrar no final?". Ao longo do livro, vamos deparando com uma fase do casamento de Judith e Eric. Eles estão bem, depois têm um pequeno problema, discutem, fazem as pazes, e assim sucessivamente. Não se pode dizer que existe algum motivo maior que condiciona toda a narrativa e nos faz ficar agarrados ao livro à espera do que vem depois.

Eric mantém a postura de alemão frio e Judith continua a ser uma latina explosiva. O choque de personalidades é o de sempre, especialmente no que toca à educação dos filhos e em questões relacionadas com trabalho. Tal como em qualquer relação, também estas personagens têm momentos mais felizes e outros menos. No início também surge uma nova fonte de ciúmes, o que nos deixa com a ideia de que este será o elemento fulcral da intriga. Porém, estes ciúmes acabam por ficar latentes até à última fase da obra, quando teria sido muito mais interessante se fossem convenientemente explorados ao longo de toda a narrativa. É que se isso tivesse acontecido, então teríamos uma história com desenvolvimento e não o juntar de vários momentos.

O que este livro ensina aos leitores é como a falta de comunicação pode ser prejudicial a uma relação. Esta acaba mesmo por ser a única lição a ser retirada entre as mais de 700 páginas do livro. Muitas das discussões entre casais existem porque eles não dizem tudo o que têm para dizer, pois se assim fosse tudo seria resolvido com maior rapidez. Chega a ser frustrante assistir a isto! As cartas só surgem na mesa no final da obra. Não havia necessidade de esperar tanto nem de assistir a tantas ideias repetidas.

A forma como Eric e Judith educam as crianças irritou-me, especialmente no que toca a Flynn. Acredito que o objetivo da autora era mostrar como os adolescentes podem ser difíceis e destabilizar o ambiente familiar e ainda fazer as leitoras sentiram piedade de Judith, mas eu detestei a forma como o fez. Para começar, Flynn já era complicado, mas desta vez está muito pior. No final, Megan Maxwell justifica as atitudes do rapaz, mas não me conseguiu convencer. Este rapaz não demonstrou apenas ter falta de educação e respeito pelos outros mas também má índole. Isso faz parte da pessoa, é cultivado e não muda de um momento para o outro. Uma construção de personagem com grandes falhas e cuja justificação não satisfaz.

Também a reação de Judith a Flynn é pouco coerente. E pouco exemplar. Então se estava realmente disposta a tudo pelo rapaz, porque razão não tentou compreendê-lo. Fiquei espantada por, mesmo sabendo dos seus perfis falsos em redes sociais, nunca ter sequer tentado visitá-los para tentar entender o motivo do rapaz os ter criado. E a sua atitude no final é demasiado drástica e revela egoísmo. Além disso, não entendo a obsessão de fazer Flynn chamar-lhe "mamã" quando, na verdade, ela não o é.  Parece que todos se esqueceram que o rapaz teve pais, o que me parece pouco respeitoso tanto pelo memória destes como pelas suas origens.

A intercalar os capítulos dedicados à relação de Judith e Eric, existem outros que abordam Mel e Björn. A ideia da autora para este casal é mais cativante. Nestes capítulos, assistimos a um desenrolar de ação paralelo muito mais interessante e consistente. Contudo, o facto de surgir no meio de tanta divagação de Judith faz com que estes capítulos percam a força. Teria sido muito mais interessante se a autora tivesse aproveitado as ideias para este casal e criasse um livro próprio para eles.

Outro aspecto que me incomodou bastante foi a escrita de Megan Maxwell, nomeadamente as constantes mudanças na forma do discurso. Percebo que quis manter o estilo que usou nos livros dedicados a Judith e do livro dedicado a Mel, mas torna-se confuso passar de um capítulo escrito na primeira pessoa para um que está na terceira. É que, a certo ponto, tanto existem capítulos dedicados a Judith que estão no discurso direto como no indireto.

Algo que já me tinha desagradado em livros anteriores da autora mantém-se neste: o facto de ela gostar de escrever palavras com uma enorme repetição de letras. Percebo que é uma forma de dar ênfase, mas não é correto e faz-me revirar os olhos. Além disso, percebo que o trabalho de tradução seja algo muito complicado e que o tradutor tente sempre manter-se o mais fiel possível ao original, mas o excesso da expressão "Encanta-me" e algumas construções frásicas faziam-me recordar, constantemente, que este livro foi escrito em castelhano.

Pede-me o Que Quiseres e Dar-te-ei não me agradou. É um livro sem história, que só ensina pelos muitos erros das personagens e cuja leitura é cansativa. Sim, tem muitos momentos quentes, mas depois de ter lido outros livros da autora não posso dizer que tenha ficado surpreendida com algum deles. Para mim, foi mais uma forma de encher páginas sem pensar muito no assunto, pois a história paralela de Mel e Björn prova que haveria outros caminhos por onde seguir.

Outras opiniões a livros de Megan Maxwell:
Pede-me o Que Quiseres (#1)
Pede-me o Que Quiseres Agora e Sempre (#2)
Surpreende-me
Adivinha Quem Sou
Adivinha Quem Sou Esta Noite 

2 comentários:

Anónimo disse...

Eric e Jud se separam no final?

Cláudia disse...

Olá Anónimo. Não vou dizer o que acontece no final, pois não quero fazer spoiler do livro (outros leitores do blogue podem ver e não gostar). Peço desculpa por não dar resposta a essa questão.

Cumprimentos.