sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Opinião: O Mistério de Charles Dickens (volume 2)

Título original: Drood (2009) 
Autor: Dan Simmons 
Tradutor: Jorge Colaço 
ISBN: 9789896374419

Editora: Edições Saída de Emergência (2012)

Sinopse:

Esta é uma história verdadeira sobre os últimos anos de vida de Charles Dickens e sobre o terrível acidente que o levou a investigar cadáveres, criptas e fantasmas. Venha conhecer o lado negro e desconhecido do maior autor vitoriano...

A figura misteriosa de Drood continua a atormentar a vida do escritor Charles Dickens. Muitos recusam-se a acreditar que tal homem exista, mas como explicar tudo o que mudou na vida de Dickens: a sua saúde, os seus hábitos, os perturbadores passeios pelo submundo negro de Londres? Quem será Drood? Um hipnotizador? Um criminoso? Ou o produto da imaginação fértil e insana do grande escritor? 


Baseado nos detalhes históricos da vida de Charles Dickens narrados por Wilkie Collins, outro grande escritor da época - bem como amigo, colaborador e também grande rival de Dickens -, Dan Simmons explora os mistérios em torno dos últimos anos da vida de Charles Dickens e poderá providenciar a chave para o seu último romance inacabado: O Mistério de Edwin Drood.

Opinião:

O segundo volume de O Mistério de Charles Dickens retoma os acontecimentos do primeiro, num momento em que muito estava por descobrir. Drood continua a ser uma figura misteriosa que atormenta não só a vida de Charles Dickens como também a do seu amigo e colega de profissão, Wilkie Collins.

Os eventos continuam a ser narrados na primeira pessoa por Wilkie Collins que, para além de se debruçar sobre a figura misteriosa de Drood, fornece ainda ao leitor uma visão da sua vida pessoal e profissional. Assim, é possível ficar a conhecer algumas características peculiares da época, tais como o papel da mulher e das classes mais pobres, ao mesmo tempo que é possível vivenciar os dramas de um autor que acredita ser melhor do que o seu principal oponente e amigo.

A certo momento, o leitor interroga-se sobre a veracidade dos factos que são apresentados pelo narrador. As descrições de Drood e de toda a campanha que move acabam por deixar a dúvida sobre a real existência desta figura na trama. Wilkie demonstra atitudes de um homem atormentado que alucina com cenários macabros. É interessante ver de que forma esta pressão o leva a alterar o seu comportamento, acabando por tomar atitudes condenáveis.

Apesar de ser uma história bem encadeada e surpreendente, a verdade é que não é de fácil leitura. Existem muitos momentos mais parados, focados na descrição dos pensamentos de Wilkie e em situações do seu quotidiano. O facto de existir pouca ação pode levar o leitor a desinteressar-se pela narrativa. Porém, as reviravoltas da trama são um dos maiores atrativos da leitura.

O leitor pode interrogar-se sobre a tradução do título da obra neste segundo volume, uma vez que Charles Dickens se torna uma personagem cada vez mais distante. É preciso reter que Drood é o título original e que toda a narrativa é envolta pelo terror que esta figura impõe nos intervenientes. Contudo, é preciso não esquecer que tudo o que acontece na história acaba por estar ligado a Charles Dickens, sendo esta personagem fulcral para o estado do narrados e para a sucessão de acontecimentos.

A conclusão da trama já tinha sido anunciada, mas não deixa de ser digna desta obra. Dan Simmons volta a construir cenários dignos de um pesadelo através de circunstâncias quotidianas, o que nos leva a crer que o mal e a loucura estão mais perto do que aparentam.

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