Título Original: Offermossen (2017)
Autor: Susanne Jansson
Tradução: João Reis
ISBN: 9789898917003
Editora: TopSeller (2018)
Sinopse:
Crê-se que antigamente os pântanos eram usados como locais onde se realizavam sacrifícios humanos. Por serem pobres em oxigénio, estes terrenos atrasavam o processo de decomposição dos corpos, levando à sua preservação. Há por isso quem acredite que as almas lá enterradas não conseguem encontrar descanso, atraindo até si novas vítimas.
Nathalie Nordström é uma jovem bióloga que se desloca até a um pântano no norte da Suécia para realizar uma experiência de campo. Nathalie cresceu naquela zona, mas partiu quando uma terrível tragédia se abateu sobre a sua família.
Numa noite de tempestade, um mau pressentimento leva-a até ao pântano. Lá encontra um homem inconsciente, prestes a afundar-se. A polícia começa a investigar o caso e acaba por encontrar cadáveres ali enterrados.
Estará o pântano a reclamar mais sacrifícios, como alguns habitantes locais acreditam?
Opinião:
A resolução de um crime aliada à superstição e história. Esta é a base de O Pântano dos Sacrifícios, livro de Susanne Jansson que me deixou intrigada desde a primeira página. A autora volta a provar que os policiais nórdicos realmente se destacam, inspirando-se nas paisagens pantanosas da Suécia e na forma como a história antiga podem continuar a influenciar uma comunidade. O resultado é uma história que marca pela diferença.
A narrativa é dada ao conhecer ao leitor através de duas personagens femininas fortes. Por um lado temos Nathalie, uma jovem que chega ao pântano de Fengerskog para concluir um estudo. A autora não esconde que esta personagem tem uma ligação a este local, mas mantém o mistério sobre os motivos que a obrigaram a deixar a casa onde passou a infância. Percebe-se que Nathalie viveu um evento traumático e que este continua a afectá-la. Contudo, é também curioso perceber como, ao longo destas páginas, esta figura consegue derrubar os muros que levantou para se proteger. Nathalie é a nossa ligação à última vítima e também a esta terra que parece envolta numa aura de misticismo.
Maya é a outra personagem com maior destaque nesta obra. Artista e fotógrafa, ela é uma mulher madura que trabalha pontualmente com a polícia. Através dela temos um lado mais racional dos acontecimentos, uma vez que nos permite acompanhar as investigações que estão a ser feitas. É curioso verificar como a razão pode ser afectada pela superstição. Paralelamente, esta personagem dá-nos ainda uma visão diferente de como se deve viver e sobre como devem ser estabelecidas as prioridades. Uma figura que nos prova que nunca é tarde para nada e que devemos sempre puxar pelo melhor de nós.
O desenrolar da acção está muito bem conseguido. O início apresenta logo alguns dos pontos fundamentais sobre os quais a autora se vai debruçar, levantando imediatamente alguns enigmas. Ainda assim, a leitura decorre de uma forma mais pausada, de modo a que tudo isto seja apreendido. Com o passar das páginas, o nosso ritmo aumenta, tal como o interesse, estimulado pelos desenvolvimentos e pelas pequenas pistas que vão sendo fornecidas e que nos ajudam a desvendar todas as personagens e o que realmente aconteceu e tem acontecido naquele pântano.
As descrições não são excessivas, mas deixam-nos sentir que também estamos naquele pântano. A autora consegue transmitir-nos a beleza e, ao mesmo tempo, o respeito e receio pelo local. Queremos estar lá, mas parece que não somos capazes de realmente entrar, com medo do que poderá estar escondido nos campos alagados e no nevoeiro que se levanta. Este é o ambiente constante, perfeito para um bom thriller.
A autora tem ainda a capacidade de nos indicar a linha de pensamento das personagens, levar-nos a seguir outra, para no final surpreender com uma inesperada resolução. Fiquei muito satisfeita por esta não ser uma história evidente. Gostaria apenas que, ao longo da narrativa, existissem momentos mais intensos. Ainda assim, a autora consegue fazer com que o leitor se sinta preso.
O Pântano dos Sacrifícios é um livro que marca pela diferença. Num mercado onde existem muitos thrillers, é sempre bom quando pegamos num que nos transporta para um mistério inesperado, que nos envolve, consegue brincar com receios íntimos, apresentar boas personagens e ainda apresentar uma conclusão surpreendente. Este livro de Susanne Jansson consegue tudo isso.
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