sexta-feira, 24 de junho de 2016

Opinião: A Viúva

Título Original: The Widow (2015)
Autor: Fiona Barton
Tradução: Victor Antunes
ISBN: 9789897542381
Editora: Planeta (2016)

Sinopse:

A Mulher: A existência de Jean Taylor era de uma banalidade abençoada. Uma boa casa, um bom marido. Glen era tudo o que sempre desejara na vida: o seu Príncipe Encantado. Até que tudo mudou.
O Marido: Os jornais inventaram um novo nome para Glen: monstro, era o que gritavam e lhe chamavam. Jean estava casada com um homem acusado de algo impossível de imaginar. E à medida que os anos foram passando sem qualquer sinal da menina que alegadamente raptara, a vida de ambos foi sendo escrutinada nas primeiras páginas dos jornais.
A Viúva: Agora, Glen está morto e pela primeira vez Jean está só, livre para contar a sua versão da história. Jean Taylor prepara-se para nos contar o que sabe

Opinião:

Personagens inquietantes e um enredo que intriga desde as primeiras páginas. A Viúva é um livro muito bem conseguido, que não só desvenda um crime em clima de crescente tensão como ainda explora as relações humanas, nomeadamente dentro de um casamento, e ainda faz pensar sobre o trabalho e papel da comunicação social. Escrevo esta opinião poucos dias depois de ser anunciada a terceira edição desta obra e não fico surpreendida com a notícia. É um livro que merece ser lido.

Fiona Barton, conta esta história através do ponto de vista de várias personagens. Logo se percebe que a autora tem uma grande capacidade para se colocar na pele do outro, uma vez que consegue transmitir muito bem os pensamentos e sentimentos de cada uma destas figuras. É por isso curioso que a minha opinião por estas personagens nunca tenha sido a mesma ao longo da leitura. Estão tão bem construídas que, como verdadeiros seres humanos, tem qualidades e também falhas, momentos em que sentimos empatia e outros em que não conseguimos acreditar nas suas ações ou desejos.

Jean, a personagem sobre a qual a obra acaba por girar, provocou-me um misto de sentimentos. No final, posso apenas dizer que apenas a consegui observar com piedade. A relação dela com o marido, Glen, é examinada com minúcia ao longo destas páginas. É impossível não ficar impressionada com a manipulação e controlo a que foi sujeita e a forma como tal acabou por moldar a sua personalidade. Isto faz pensar em quantas mulheres, e até mesmo homens, acreditam viver livres e felizes numa relação sem compreenderem que estão a ser moldados à vontade da outra pessoa. Afinal, é preciso ceder, mas qual o limite para tal? E até que ponto podemos mentir a nós próprios?

O mistério do crime está construído de forma diferente ao que já vi noutros livros. Logo ao início é apontado um culpado, mas ao longo da leitura foram surgindo muitas dúvidas. Consegui criar teorias sobre o que tinha acontecido, mas nunca me senti segura das minhas convicções. Isto acaba por ser engraçado, pois a autora dá todas as informações necessárias para entendemos o que aconteceu, mas mesmo assim senti-me tentada a imaginar novas hipóteses. Nota-se ainda que o objetivo não foi criar choque com o desvendar final, mas sim mostrar o que este crime fez a todos os envolvidos.

Gostei muito da forma como a comunicação social foi representada nesta obra. Mesmo quem não sabe o passado da autora ligado ao jornalismo consegue perceber que Fiona Barton tem grandes conhecimentos nesta área. Existe a vontade de estar em cima da atualidade, de contar a grande história, de ter o grande exclusivo. Existem os profissionais dispostos a tudo pelo melhor título, mas também há aqueles que questionam os limites. Existe a invasão e a construção da relação de confiança. Acima de tudo, existe o impacto na opinião pública. Um lado muito bem explorado.

A Viúva impressionou-me. Li com voracidade e vontade de entender cada uma das figuras com as quais me ia cruzando ao longo destas páginas. Não fiquei surpreendida com a resolução, mas sim com os motivos que levaram a este crime. Fiona Barton agarrou-me. Espero que a autora se sinta inspirada a escrever outras obras, pois tem uma grande capacidade para mostrar a verdade da sociedade e do ser humano.

3 comentários:

Jardim de Mil Histórias disse...

Olá!
Adoro este género de livros e tenho visto muito este livro! Estou a ficar com curiosidade.
Beijinhos e boas leituras

Invisible Woman disse...

Também li, em apenas 2 dias, e adorei!

Cláudia disse...

Isaura, dá uma hipótese, vais ver que vais gostar!
Invisible Woman, isso é que foi rapidez!