Título Original: Läsarna i Broken Wheel rekommenderar (2013)
Autor: Katarina Bivald
Tradução: Margarida Filipe
ISBN: 9789896650704
Editora: Suma de Letras (2016)
Sinopse:
Se a vida fosse um romance, o da Sara certamente não seria um livro de aventuras. Em vinte e oito anos nunca saiu da Suécia e nenhum encontro do destino desarrumou a sua existência. Tímida e insegura, só se sente à vontade na companhia de um bom livro e os seus melhores amigos são as personagens criadas pela imaginação dos escritores, que a fazem viver sonhos, viagens e paixões. Mas tudo muda no dia em que recebe uma carta de uma pequena cidade perdida no meio do Iowa e com um nome estranho: Broken Wheel. A remetente é uma tal Amy, uma americana de 65 anos que lhe envia um livro. E assim começa entre as duas uma correspondência afetuosa e sincera. Depois de uma intensa troca de cartas e livros, Sara consegue juntar o dinheiro para atravessar o oceano e encontrar a sua querida amiga. No entanto, Amy não está à sua espera, o seu final, infelizmente, veio mais cedo do que o esperado. E enquanto os excêntricos habitantes, de quem Amy tanto lhe tinha falado, tomam conta da assustada turista (a primeira na história de Broken Wheel), Sara decide retribuir a bondade iniciando-os no prazer da leitura. Porque rapidamente percebe que Broken Wheel precisa de um pouco de aventura, uma dose de auto-ajuda e, talvez, um pouco de romance. Em suma, esta é uma cidade que precisa de uma livraria. E Sara, que sempre preferiu os livros às pessoas, naquela aldeia de poucas gente, mas de grande coração, encontrará amizade, amor e emoções para viver. E finalmente será a verdadeira protagonista da sua vida.
Opinião:
Há livros que surgem na nossa vida de forma inesperada e que nos marcam pela beleza e diferença. A Livraria dos Finais Felizes é um deles. Logo nas primeiras páginas, é possível perceber que Katarina Bivald é, além de escritora, uma leitora fervorosa. Afinal, esta obra acaba por funcionar como uma carta de amor ao formato livro, o que faz com que todos os leitores entusiastas se consigam identificar com muito do que é apresentado.
Esta é a história de como uma mulher que é apaixonada por livros consegue mudar a vida de uma comunidade. E com isso, também a dela. É fácil gostar e perceber Sara. Trata-se de uma personagem que se sente mais confortável ao perder-se nas páginas de uma aventura do que a conviver e a dar-se a conhecer às pessoas. Foi com curiosidade que a vi a tentar quebrar barreiras e foi com empatia que lia os seus sentimentos pelos livros. A autora fez com que me conseguisse identificar com esta protagonista e com que desejasse que ela alcançasse o seu final feliz.
Sara, que é sueca, chega a uma vila remota do Iowa, nos EUA, para conhecer uma amiga com quem trocava correspondência. Porém, a vida dá muitas voltas e ela acaba por se encontrar entre desconhecidos numa região decadente. Gostei de assistir às fases de aceitação de Sara e ao que ela faz para se sentir útil. É engraçado ver como uma pequena mudança, que quase parecia sem importância, pode mudar tudo e todos. E mais do que isso, é tão divertido ver as diferentes aceitações das pessoas aos livros e de como, realmente, pode existir uma obra para cada um de nós. Faz-nos pensar que quem diz que não gosta de ler só o faz porque ainda não descobriu a história certa.
Ao início, as pessoas de Broken Wheel quase parecem uma caricatura. Porém, com o decorrer da leitura, deixei-me cativar por cada uma destas personagens. Destaco George, um homem que ao início me assustou mas por quem acabei por sentir um grande carinho, Caroline, uma mulher forte que só não se permite ser feliz por temer o que os outros podem pensar dela, Tom, cujo mau-feitio esconde a sua capacidade de se sacrificar pelos outros, Jen, uma mulher que ao início causa aversão mas que acaba por nos dar a entender que só tem boas intenções, Grace, que tenta esconder as suas fragilidades e tem bom coração, e John, um homem silencioso que esconde uma grande dor e que me fez pensar que as pessoas só partem realmente quando não há mais ninguém para as recordar e falar sobre elas.
Sim, esta trama revela ainda uma história de amor entre a protagonista e outra personagem. E acreditem, não se pode dizer que se trata de uma muito comum! Aqui, foi divertido ver como a relação entre o par principal se desenvolveu. Existe um interesse imediato, mas isso causa negação no início. Só com o tempo é que as barreiras vão começando a cair e cada um vai aceitando o que se passa no próprio coração. É verdade que em alguns momentos quase tive vontade de gritar com eles para pararem de negar o óbvio, mas o que interessa é o resultado final.
O desenrolar da narrativa começa de uma forma um pouco lenta, mas depois entra num ritmo mais rápido. Existem muito momentos divertidos, quase caricatos, que nos arrancam um sorriso. E claro, também existem diversas passagens dedicadas à relação entre leitor e livro que são deliciosas. A autora fala na sensação única de estar rodeado por livros, dos diferentes cheiros das páginas, da noção de que as personagens são nossas amigas, das muitas aventuras que se vivem enquanto leitor,... Enfim, pensamentos que me fizeram pensar "sim! é mesmo isto!". Além, as muitas referências a outras obras literárias que existem fizeram recordar cada uma dessas leituras e ler as outras que ainda não tive oportunidade de fazer.
Gostei muito de ler A Livraria dos Finais Felizes. Romance de estreia de Katarina Bivald, mostra que os autores suecos não dão cartas apenas no género policial. Recomendo este livro a todos os leitores que reconhecem o valor de um livro e apreciam romances doces e com um toque de humor.
3 comentários:
Olá,
Estou super curiosa com este livro e a tua opinião ainda adicionou uma dose maior :D
Olá!
Acabei de ler este livro de forma apaixonada. Deu uma tristezinha quando chegou ao fim. Além de ser ótimo, ainda nos deixa várias sugestões de novas leituras. Adorei!
Abraço,
Rafaela
Su, arrisca, vais ver que vais gostar ;)
Rafaela, é verdade! É tão giro ver referências a livros que já lemos e ficamos com curiosidade de pegar nos que ainda não conhecemos!
Beijinho às duas*
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