segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Opinião: O Complexo dos Assassinos (The Murder Complex #1)

Título original: The Muder Complex (2014)
Autor: Lindsay Cummings
Tradução: José Manuel Lopes
ISBN: 9789896377144
Editora: Saída de Emergência (2015)

Sinopse:

Meadow Woodson, uma rapariga de 15 anos que foi treinada pelo seu pai para lutar, matar e sobreviver em qualquer situação, reside com a sua família num barco na Florida. O Estado é controlado pelo Complexo Assassino, uma organização que segue e determina a localização de cada cidadão com precisão, provocando o medo e opressão em absoluto.
Mas tudo se complica quando Meadow conhece Zephyr James, que é – embora ele não saiba – um dos assassinos programados do Complexo. Será o seu encontro uma coincidência ou parte de uma apavorante estratégia? E conseguirá Zephyr impedir que Meadow descubra a perigosa verdade sobre a sua família?

Opinião:

Quando surge uma nova distopia, fico sempre curiosa e com vontade de descobrir qual é a diferença deste livro, qual é o aspeto inovador, qual é a crítica social inerente à trama, qual a personalidade das personagens, quais as emoções que elas vão despertar,... Como tal, O Complexo dos Assassinos chamou a minha atenção e assim que tive a oportunidade peguei neste livro de Lindsay Cummings.

Logo no início é possível perceber a força opressora deste mundo. Tudo acontece num futuro próximo e mais tarde é possível compreender o alerta para os perigos da intervenção da ciência na genética. Contudo, julgo que tudo acabou por ser pouco explorado. Nota-se que a autora tem boas ideias, mas acaba por as expor de uma forma rápida e sem dar a devida atenção a cada uma delas. Desta forma, não é possível entender bem como funciona o governo daquela cidade, as hierarquias ou a forma como as pessoas comuns estão organizadas. Existe uma ideia geral, mas gostaria que a autora tivesse passado mais tempo a desenvolver estes aspetos de forma a reforçar os conceitos que pretende transmitir.

Penso que o foco de Lindsay Cummings foi para as relações entre personagens. Meadow Woodson e Zephyr James são os protagonistas e representam diferentes fações desta sociedade. Até consigo aceitar que Meadow tenha tido um treino especial para sobreviver naquela sociedade onde impera a lei do mais forte e entendo perfeitamente que os sentimentos de compaixão e amor sejam direcionados apenas para uma figura, uma vez que se trata de alguém fraco e inocente. Contudo, não achei convincente a ligação praticamente imediata entre Meadow e Zephyr.

A autora focou-se bastante nestas duas figuras e no desenvolvimento de uma relação, mas esqueceu-se de criar um ponto que justifica-se a atração que surgiu num estalar de dedos. Se Meadow realmente é uma rapariga que não hesita em matar, que faz de tudo para proteger a sua irmã e que duvida das intenções de todos, então não faz sentido que se tenha deixado levar tão facilmente por um rapaz desconhecido. E mesmo Zephyr, ao início parece alguém que sofre bastante com situações do seu passado e é fácil perceber que, por isso, seja um rapaz muito fechado, mas de um momento para o outro quase que se torna um galã sedutor. Não me pareceu coerente.

Contudo, gostei das reviravoltas que a autora fez quanto a algumas situações ligadas a Meadow Zephyr, pois foram essas mudanças súbitas que estimularam a leitura. O ritmo da narrativa é rápido, o que faz com que exista sempre algum momento de ação a acontecer. E se isso pode ser bom porque faz com existam novidades, por outro faz perder a exposição do mundo, a criação de química entre as personagens e a reflexão, que seriam importantes para elevar este livro para um outro nível. Sendo assim, acabou por ser uma leitura pouco marcante, mas que tinha bons conceitos para ser algo maior e melhor.

Lindsay Cummings é uma jovem autora que tem boas ideias, mas que precisa de as conseguir explorar de forma a arrebatar o leitor. Tem potencial e este livro mostra originalidade, mas espero, sinceramente, que a continuação desta série apresente melhorias quanto ao desenvolvimento das personagens. Além disso, espero mesmo que a exposição do mundo e da sua organização sejam pontos a melhorar num próximo volume.

Sem comentários: