terça-feira, 29 de julho de 2014

Opinião: Delirium (Delirium #1)

Título Original: Delirium (2011)
Autor: Lauren Oliver
Tradução: Alice Rocha
ISBN: 9789896722685
Editora: Alfaguara (2014)

Sinopse: 

Houve um tempo em que o amor era a coisa mais importante do mundo. As pessoas eram capazes de ir até ao fim do mundo para o encontrar. Faziam tudo por amor. Até matar. Finalmente, no século XXII, os cientistas descobrem a cura para o delírio do amor, uma perigosa pandemia que infecta milhões de pessoas todos os anos. E o governo passa a exigir que todos os cidadãos recebam o tratamento ao cumprirem 18 anos.
Quando faltam apenas noventa e cinco dias para a tão aguardada cirurgia, Lena faz o impensável e sucumbe a uma irreprimível e incontrolável paixão…

Opinião:

A premissa principal de Delirium intrigou-me tanto que só descansei quando comecei a ler este livro. Como seria a sociedade se o amor fosse visto como a mais fatal das doenças? Quais seriam as características do amor mais assustadoras? Como seriam estas pessoas isentas do sentimento mais nobre? Eram estas as principais perguntas que tinha antes de iniciar a leitura e foi com gosto que me deparei com as respostas dadas por Lauren Oliver.

A primeira sensação que tive é que o mundo retratado em Delirium tem muitas semelhanças ao nosso. Apesar de ser distópico, possui uma organização que não gera estranheza. Parece mesmo que os únicos pontos de maior diferença são a cura do amor aos 18 anos e o isolamento. Isso faz com que não seja difícil perceber como a sociedade funciona. Contudo, quando comecei a observar as personagens secundárias, fiquei impressionada. Lauren Oliver conseguiu construir uma forma subtil de retirar o amor da humanidade, mas tal não deixou de ser um choque para mim. O desapego, o desinteresse, a apatia e a vontade de viver segundo regras consegue assustar. Ao início parece algo de menor valor, mas com o passar das páginas é inevitável reparar que retira algo de muito humano.

Lena, a protagonista, é uma personagem muito bem construída. Gostei bastante da evolução dela e da sensação que dá de que podia ser alguém real. Percebe-se que, ao início, é alguém que está dentro do sistema e que aceita tudo o que lhe é dito. Com o decorrer da leitura, é interessante verificar como Lena confronta uma outra realidade e outras ideias. Acreditei nas suas dúvidas, angústias quando começou a colocar em causa tudo o que lhe foi ensinado.

Hana, a melhor amiga de Lena, é uma personagem secundária que cativa logo desde o início. A irreverência desta rapariga é bem evidente, o que faz com que ela funcione como o contrário da protagonista. Ela demonstra uma grande vontade de viver e de ser feliz, o que revela ideias que chocam com as que são instituídas pela sociedade. Apesar de isso não afectar completamente Lena, a verdade é que faz crescer no leitor a vontade de assistir a um movimento rebelde.

E se Lena e Hana me agradaram bastante, o mesmo não posso dizer de Alex. Esta parece ser a típica personagem masculina de um romance distópico destinado a jovens adultos e protagonizado por uma mulher. Ele é o típico rapaz dedicado, devoto, bonito, corajoso e com um passado misterioso. O esperado romance entre Alex e Lena faz com que uma boa parte desta leitura acabe por cair em lugares comuns e numa dinâmica monótona e que não guarda nada que surpreenda.

Apesar de não ter ficado rendida a Alex, não posso deixar de verificar que o seu papel é muito importante para a trama. Afinal, é ele que leva Lena a quebrar regras e a colocar-se em situações de grande perigo. E se é verdade que muitos destes momentos são emocionantes, também é verdade que carecem de consistência. Digo isto porque a autora dá-nos a sensação de que existe um grande controlo, mas Alex e Lena conseguem contornar isso com grande facilidade. Isto faz com que a certo ponto eu tenha deixado de temer o perigo.

A escrita de Lauren Oliver é graciosa e que apela às emoções. Não se prende com grandes descrições cénicas, mas mais com a exploração da sua personagem principal. Isso faz com que seja possível criar empatia de uma forma quase automática. A construção da história pode apresentar algumas falhas e alguns pontos que precisavam de ser limados, mas acaba por fazer sentido e por seguir um rumo que apesar de ser o esperado não deixa de surpreender.

Delirium é uma distopia muito diferente que marca o início de uma trilogia. O perigo está ligado ao retirar de algo profundamente humano, o que nos deixa a pensar até que ponto vale a pena lutar pelo amor, nas suas mais diferentes formas e pela liberdade de sentir. O envolvimento nesta leitura e a forma como ela termina, faz com que tenha uma grande vontade de continuar a acompanhar esta história de Lauren Oliver.

5 comentários:

Unknown disse...

A primeira vez que ouvi a palavra, e título, "Delirium" foi devido a uma série que começou à relativamente pouco tempo. O primeiro episódio não me impressionou. Tal como opinou, dá a sensação de existir um grande controlo mas os dois personagens principais contornam-no facilmente.

No entanto, assim que soube que a série fora baseada num livro não fiquei descansada até o encontrar. E apesar de ainda não o ter lido, estou ansiosa por o fazer. A opinião só veio ajudar a minha vontade de o ler a ficar maior.

Joana C. disse...

Detestei o livro. Não estava à espera que fossemos ter opiniões tão diferentes.
http://leitorafimdesemana.blogspot.pt/2014/01/opiniao-delirium.html

Cláudia disse...

Olá Margarida! Não sabia que havia uma série baseada neste livro. Agora tenho curiosidade de ver, pelo menos, o primeiro episódio. *

Joana, o livro tem algumas falhas, mas a premissa principal e as personagens de Lena e Hana agarraram-me (é engraçado ver que tu preferiste o Alex enquanto eu não gostei lá muito dele). Eu agora estou curiosa quanto ao que vai acontecer, mas também em desvendar alguns mistérios do passado. *

Joana C. disse...

Quanto à série só existe o piloto. A serie era tão má que não foi para a frente. Lê o resto e depois conta-me porque eu não tive paciência o ler o resto x)

Cláudia disse...

Não fazia ideia! Tenho vontade de continuar a ler esta trilogia sim, e vou opinando ;)