sexta-feira, 30 de maio de 2014

Opinião: Morte nas Trevas (As Investigações de Gabriel Ponte #3)

Autor: Pedro Garcia Rosado
ISBN: 9789898626394
Editora: TopSeller (2014)

Sinopse: 

Gabriel Ponte está finalmente decidido a dedicar-se à investigação privada, pondo fim à inatividade a que uma reforma antecipada da Polícia Judiciária o condenou.
O seu primeiro trabalho como detetive particular consiste em encontrar duas mulheres desaparecidas em Portugal, a pedido de um homem e de uma mulher de origem romena, antigos agentes da Securitate, a polícia política do ditador Ceausescu.
A sua investigação vai conduzi-lo a um confronto com um industrial romeno que cria porcos numa zona rural do concelho de Caldas da Rainha, e que esconde, afinal, segredos hediondos.
À medida que avança neste caso, que vai pôr em risco a vida da sua própria família, Gabriel Ponte recebe a ajuda inesperada de um ex-oficial do KGB e das forças especiais russas, ao mesmo tempo que se torna o alvo da atenção de um inspetor da PJ, obcecado pela justiça.

Opinião:

Não podia perder este Morte nas Trevas. Depois de ter ficado muito bem impressionada com Morte na Arena, o primeiro livro de Pedro Garcia Rosado que tive a oportunidade de ler, foi com expectativas que iniciei a leitura do terceiro volume da série "As Investigações de Gabriel Ponte".

Caldas da Rainha é o palco principal da acção. Logo percebe-se que é um local com o qual o autor está muito familiarizado, não só por causa das descrições mas sobretudo pela naturalidade com que os espaços são usados na resolução de um crime. É fácil sentir que se está nessa cidade portuguesa e, mesmo quem não conhece, consegue facilmente imaginar os locais apresentados.

O início da leitura conseguiu agarrar-me rapidamente. É apresentado um cenário de crime que estimula o leitor e faz acreditar que se está perante a ponta do icebergue do verdadeiro problema que terá de ser desvendado. Após esse momento inicia-se a investigação. Neste ponto, é interessante constatar que tal como Gabriel Ponte, o leitor sente que está a resolver um mistério. Existem algumas pistas adicionais que nos levam a ir mais longe do que as personagens, mas não deixa de ser com interesse que se observa o caminho percorrido por Gabriel até ao desvendar deste grande mistério.

O desencadear dos acontecimentos volta a ser bem realizado e a proporcionar uma leitura intensa. Mais uma vez, só o que realmente interessa é focado, não havendo espaço para momentos aborrecidos e desmotivantes. Existe uma sensação de que está sempre algo a acontecer e que todos os pormenores podem ser importantes para perceber o que realmente se passa.

E se no volume anterior não tinha conseguido criar empatia com a personagem principal desta série, Gabriel Ponte, em Morte nas Trevas percebi que a nossa relação estava a mudar. Gabriel continua a parecer alguém distante e a relação que tem comos filhos é algo que ainda me causa alguma estranheza. Contudo, agora consegui sentir alguma proximidade com este protagonista. Tal poderá ter acontecido pela forma como se envolveu na resolução do crime ou pela tentativa do ex-investigador da Polícia Judiciária desenvolver a sua vida pessoal. As decisões de Gabriel que foram apresentadas nas últimas páginas foram completamente inesperadas e deixaram-me literalmente de boca aberta. Foi uma ideia muito arrojada, que choca e que muito me agradou.

Apesar de Gabriel Ponte ser o protagonista, o autor volta a apostar em apresentar os pontos de vista de outras persongens. Isso é algo que muito agrada, pois para além de explorar outras figuras, fornece ao leitor uma visão mais completa de todo o quadro que está a ser pintado. Estar, ao mesmo tempo, do lado dos investigadores e dos criminosos aumenta a adrenalina e contribui para uma leitura com poucas paragens.

Apesar de este ser apenas o segundo livro de autoria de Pedro Garcia Rosado que tive a oportunidade de ler, gostei de saber que o autor inseriu algumas personagens de outras obras. Ao início essas figuras passam quase despercebidas, mas com o passar das páginas percebe-se perfeitamente que são personagens com grande profundidade e história. Admito que fiquei com uma enorme vontade de conhecer melhor Ulianov e que Joel Franco me deixou apreensiva ao início, mas no final consegui entender algumas das suas moticações.

Tal como aconteceu com Morte na Arena, Morte nas Trevas foi lido rapidamente e com voracidade. Pedro Garcia Rosado alicia para uma leitura que para além de entreter ainda chama a atenção para problemas sociais que são muitas vezes mascarados, tais como a discriminação, utilização do outro por proveito próprio, dificuldades associadas à transmissão da verdade na imprensa, violência e organizações clandestinas. Mais uma prova de que Pedro Garcia Rosado é um nome inconturnável na literatura policial portuguesa.

Nota: Quando peguei no meu exemplar deste livro deparei-me com uma grande surpresa. O blogue Uma Biblioteca em Construção era mencionado! Fiquei muito feliz e orgulhosa. Quero agradecer-vos a todos os que têm em atenção as minhas opiniões e que me motivam a continuar este trabalho que é feito com tanto gosto.

Outras opiniões a livros de Pedro Garcia Rosado:
Morte na Arena (As Investigações de Gabriel Ponte #2)

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