quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Opinião: Luz e Sombra (Grisha #1)

Título original: Shadow and Bone (2012)
Autor: Leigh Bardugo
Tradução: Raquel Dutra Lopes
ISBN: 9789892324852
Editora: Asa (2013)

Sinopse:

Rodeada por inimigos, a outrora grande nação de Ravka foi dividida em duas pelo Sulco de Sombra, uma faixa de escuridão quase impenetrável cheia de monstros que se alimentam de carne humana. Agora, o seu destino pode depender de uma só refugiada.
Alina Starkov nunca foi boa em nada. Órfã de guerra, tem uma única certeza: o apoio do seu melhor amigo, Maly, e a sua inconveniente paixão por ele. Cartógrafa do regimento militar, numa das expedições que tem de fazer ao Sulco de Sombra, Alina vê Maly ser atacado pelos monstros volcra e ficar brutalmente ferido. O seu instinto leva-a a protegê-lo , e ela revela um poder adormecido que lhe salva a vida, um poder que poderia ser a chave para libertar o seu país devastado pela guerra. Arrancada de tudo aquilo que conhece, Alina é levada para a corte real para ser treinada como um membro dos Grishas, a elite mágica liderada pelo misterioso Darkling. Com o extraordinário poder de Alina no seu arsenal, ele acredita que poderá finalmente destruir o Sulco de Sombra.
No entanto, nada naquele mundo pródigo é o que parece. Com a escuridão a aproximar-se e todo um reino dependente da sua energia indomável, Alina terá de enfrentar os segredos dos Grisha... e os segredos do seu coração.

Opinião:

Leigh Bardugo inspira-se na Rússia Imperial para criar o mundo de Luz e Sombra, o primeiro volume da saga Grisha. Ao abrir as primeiras páginas do livro foi impossível  não ficar impressionada com o mapa deste novo mundo. Para além de mostrar os locais mais relevantes para a trama, é ainda ilustrado por seres misteriosos que apelam a imaginação. Assim que se inicia a leitura sente-se rapidamente o ambiente repressivo, mágico, sombrio, misterioso e ainda um certo frio tão associado ao país da Europa do Leste.

Alina é a protagonista desta história. Ao início encontramos-a enquanto criança, uma órfã igual a tantas outras que teve a sorte de ser acolhida por um nobre protector. Logo se percebe que Alina sente uma forte amizade por Mal, um rapazinho que é sempre descrito como optimista e encantador e que acaba por ser alvo dos instintos protectores da heroína. Eles são praticamente a família um do outro, por isso quando existe uma possibilidade de separação é inevitável sentir o pânico e o terror.

Após a introdução, voltamos a encontrar Alina e Mal, mas desta vez, eles são mais velhos. É contraste entre as personalidades destas figuras é fulgurante, não só uma em relação à outra mas também quando comparado com quem eles eram enquanto crianças. Logo que quem eles são é resultado das circunstâncias da vida que encontraram e das pessoas com quem se cruzaram. O que não muda é o forte elo de ligação que os une. Contudo, de um momento para o outro, tudo muda.

Não foi fácil para mim gostar logo de Alina, mas penso que essa era mesmo a intenção da autora. Afinal, ela é apresentada como uma jovem que me parece meio adormecida e com pouco potencial. Mas acontece que a verdade é que as suas potencialidades não estavam mesmo despertas, mas quando tal acontece a percepção do leitor muda. Alina revela-se dona de bons valores e diverte com os seus comentários sarcásticos. As suas opções nem sempre são compreendidas assim como os seus sentimentos, afinal, encaminham-se num sentido esperado.

As figuras secundárias têm um grande peso em toda a leitura e acabam por agradar, apesar de algumas deles apresentarem natureza mais negra. A autora tentou criar surpresa com algumas reviravoltas destas figuras, mas a verdade é que foi deixando tantas pistas que o leitor logo percebe o objectivo de cada uma delas muito antes de tal ser desvendado.

Logo do início, o leitor fica a conhecer um facto terrível deste universo, que é novo, está bem descrito e faz sentir arrepios. Existe então uma vontade maior de perceber de que forma a magia funciona nesta trama, descobrir novos segredos e, mais que tudo, perceber o papel de Alina no meio de tudo isto. Afinal, ela revela-se mais do que aparenta.

Se ao início os Grisha pareciam uma classe confusa, com códigos que não eram bem perceptíveis, a autora acaba por dar a possibilidade de os desvendar. Logo se vê que eles se dividem em três grandes categorias, sendo que dentro de cada uma delas existem subdivisões. Que o Grisha eram seres mágicos, disso não havia qualquer dúvida, mas agora, é possível perceber um pouco sobre a origem desta tal magia e as suas variantes. Este aspecto é sem dúvida um grande atractivo da leitura, que, na minha opinião, apenas peca por não ser ainda mais exposto e explorado.

O desenrolar dos acontecimentos tem os seus altos e baixos. Na primeira metade do livros, tudo parece mais intenso, atrativo e a leitura é feita rapidamente. Contudo, a partir de um certo ponto, o ritmo abranda devido à previsibilidade dos acontecimentos e à repetição de algumas ideias. É devido a este último aspecto que, ao chegar à última página, existe uma sensação de que esta é uma história que tinha muito mais para dar mas que acabou por ser mais explorada. Contudo, tal pode ter acontecido por este ser o primeiro volume de uma trilogia.

Luz e Sombra é um título que faz jus à trama e que, apesar de algumas falhas registadas, é uma leitura que muito me divertiu. Fiquei, sem qualquer dúvida, muito curiosa quanto ao que ainda está por vir deste mundo e de forma a perceber que destino Leigh Bardugo guarda para todas as figuras que tanto me cativaram.

2 comentários:

i.blogger disse...

Fiquei curiosa sobre esse livro, com o natal e o meu aniversário à porta espero poder adquiri-lo e lê-lo. Muito bom o seu post. Parabéns! Continue.

Cláudia disse...

Espero que o consigas adquirir rapidamente. Beijinho*