sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Opinião: Sangue Final (Saga Sangue Fresco #13)

Título original: Dead Ever After (2013)
Autor: Charlaine Harris
Tradução: Renato Carreira
ISBN: 9789896375553
Editora: Edições Saída de Emergência (2013)

Sinopse:

Há segredos na cidade de Bon Temps, segredos que ameaçam aqueles que estão mais próximos de Sookie — e que poderão despedaçar-lhe o coração... Sookie Stackhouse não pensa duas vezes antes de recusar o pedido da sua antiga colega Arlene quando esta pede que lhe devolva o seu lugar no Merlotte's. Afinal, Arlene tentou matá-la. O seu relacionamento com Eric Northman, porém, não é tão claro. Juntamente com os seus vampiros, ele mantém a distância... e um silêncio gélido. E, quando Sookie descobre porquê, sente-se devastada. É então que um homicídio chocante abala Bon Temps e Sookie é presa por esse crime. Mas as provas são débeis e sai sob fiança. Quando começa a investigar o homicídio, descobre que o que passa por verdade em Bon Temps é apenas uma mentira conveniente. O que passa por justiça é mais sangue derramado. E o que passa por amor nunca será suficiente...

Opinião:

A acompanhar as aventuras de Sookie Stackhouse desde 2009, foi com um misto de expectativa e receio que comecei a leitura de Sangue Final. Adorei os primeiros volumes da série que muito me divertiram, mas a partir de certo ponto, comecei a achar a história repetitiva e com pouco mais por onde avançar, o que me levou a ansiar pela sua conclusão. Finalmente ela chegou.

Depois de muitas aventuras emocionantes, de romances com vampiros, lobisomens e metamorfos, de revelações surpreendentes e descobertas inesperadas, Sookie revela-se uma mulher mais madura, menos ingénua mas que se mantém fiel aos mesmos valores que demonstrava no início e ainda tem esperança no futuro. E se no início desta saga ela mostrava-se entusiasmada com as descobertas que ia fazendo sobre o lado sobrenatural do mundo, agora revela o desejo de se afastar destes seres que, de tantas formas, a magoaram e a levaram a colocar a vida em risco.

Sookie quer encontrar a sua paz, descobrir realmente o que a faz feliz, mas antes disso existe uma nova grande provação. Figuras que a atormentaram reaparecem e, desta vez, com um objectivo concreto e maléfico. Assim sendo, o motor que faz gerar a acção deste livro está directamente relacionado com a protagonista, ao contrário de todos os outros volumes que a envolviam em situações relacionadas e provocadas por outras figuras. Surgem então diversos acontecimentos que prejudicam a telepata, o que faz com que exista em toda a leitura a sensação de que ela está constantemente em perigo, o que acaba por ser mais motivador do que os volumes anteriores nos quais a acção parecia estar a ser arrastada. Contudo, aquele que era para ser um desfecho emocionante e repleto de emoção revela-se aquém das expectativas.

Parece que quando começou a escrever este livro, Charlaine Harris ganhou a percepção de que tinha deixado muitas pontas soltas nos volumes anteriores o que a levou a sentir a necessidade de lhes dar atenção. Fê-lo, porém, de uma forma supercial, rápida e pouco convincente, o que deu origem a um enredo "muito rebuscado", como acabou por afirmar uma personagem já nas páginas finais (até parece que esta foi a forma de a autora confessar o que realmente pensava deste livro).

É ainda com alguma estranheza que se assiste a um verdadeiro desfile de todas as personagens de relevo desta série. De um momento para o outro estão lá todos: os que sempre apoiaram Sookie, os que que não gostam dela, as figuras mais caricatas daquela cidade e até todas as paixões da protagonista ao longo da série. E se alguns fazem sentido aparecer, outros foram colocados na trama só para "marcar o ponto". É o caso da aparição de Alcides e de Qhinn, que se revela descabida, sem fundamento e que apenas reforça a ideia anterior.

A resolução da vida amorosa de Sookie também não satisfaz. Não quero com isto mostrar descontentamento perante a escolha da autora para o homem que fica com a protagonista, mas sim pela forma que tal foi feito. Os volumes anteriores já tinham dado dicas sobre o que iria acontecer, por isso, não foi com espanto que observei este desenvolvimento. Contudo, preferia ter assistido a algo mais consistente. A autora parece ter usado este volume para mostrar um lado mais negro do que esperado de uma das suas personagens mais amadas para justificar um afastamento e a opção final. Se realmente Charline Harris deseja fazer isto desde o início, tal como afirma nos seus agradecimentos, deveria ter começado a expor lentamente esta vertente nos livros anteriores, em vez de esperar pelo último para. Isto sugere falta de um verdadeiro planeamento e pouca coerência.

Apesar das muitas falhas deste livro que não supera as expectativas dos fãs, existem melhorias quando comporado aos últimos livros da série. Está mais dinâmico, tem mais momentos de acção e o perigo parece ser mais real, o que faz com que a leitura não seja feita com aborrecimento (mas sim com alguma desilusão devido ao conteúdo). E se por um lado achei o final rápido, pouco conclusivo e mal explicado, por outro aacho que o destino de Sookie acabou por fazer sentido, tendo em conta tudo o que viveu e os desejos que já vinha a expressar há algum tempo.

O estilo de escrita de Charlaine Harris continua a proporcionar uma leitura rápida, mas foi com alguma pena que constatei que o seu tradicional humor negro esteve pouco presente neste volume. Isso fez com que a história deixasse transparecer maior perigo e seriedade, mas também fez com que perdesse o espírito divertido e emocionante que cativou nos primeiros livros.

Terminada a leitura de Sangue Final, percebo que este livro deveria ter chegado mais cedo, pois revelou cansaço e algum presa em terminar as aventuras de Sookie. Tinha esperança que a autora tivesse guardado trunfos para o fim e que fosse agora retormar as características que cativaram inicialmente, mas o estender da história por treze volumes acabou por levá-la a perder muito do seu encanto e isso refletiu-se nesta conclusão que satisfaz. Uma pena.

Outras opiniões a livros de Charlaine Harris:
Sangue Fresco (Saga Sangue Fresco #1)
Dívida de Sangue (Saga Sangue Fresco #2)
Clube de Sangue (Saga Sangue Fresco #3)
Sangue Oculto (Saga Sangue Fresco #4)
Sangue Furtivo (Saga Sangue Fresco #5)
Traição de Sangue (Saga Sangue Fresco #6)
Sangue Felino (Saga Sangue Fresco #7)
Laços de Sangue (Saga Sangue Fresco #8)
Sangue Mortífero (Saga Sangue Fresco #9)
Segredos de Sangue (Saga Sangue Fresco #10)
Sangue Ardente (Saga Sangue Fresco #11)
Sangue Impetuoso (Saga Sangue Fresco #12)

4 comentários:

Neptuno_avista disse...

Olá!
Acabei de ler este livro hoje e apesar de ter escrito uma opinião positiva acerca dele, tenho de concordar contigo em alguns pontos, na medida em que parece que a autora quis acabar com as pontas soltas e não só, fazendo o tal desfile. Ainda assim, gostei do livro, claro que não faz arte dos favoritos, mas soube bem por ser o final da saga e vermos a protagonista finalmente feliz e livre daqueles perigos todos.
Quanto a Eric, fico contente por ela não ter ficado com ele, andava-se a ver que apesar de ele gostar dela, gostava muito mais de si e nunca seria o ideal para ela. Enfim, como disse, fico feliz por ter acabado, houve livros em que quase me fartava da história, mas a meu ver ela conseguiu dar alguma empolgação nos últimos.
Beijinho

Cláudia disse...

Olá Neptuno!
Sim, quando comparado aos livros anteriores, este está melhor, mais emocionante, mas quando comparado aos primeiros,fica bastante aquem.
É bom ver que isto finalmente teve um fim, apenas acho que deveria ter acontecido mais cedo, de forma a que todos os outros livros e até mesmo este não perdessem as qualidades presentes nos primeiros.
A autora já tinha dado imensas pistas de que a Sookie não ia ficar com o Eric, por isso, para mim, tal não foi surpresa, só achei que de um momento para o outro aquela que era uma das persongens preferidas de muitos fãs foi apresentada com todos os seus pontos negros, numa tentativa de justificar o fim da relação. Acho que tudo poderia ter sido feito com mais subtileza.
Beijinho

Neptuno_avista disse...

O afastamento deles já se vinha a arrastar. E se fossemos atentos, veríamos que ele estava a ter certos comportamentos inadequados para com a Sookie. No entanto, tenho de concordar contigo num ponto: parece que a autora deixou muitas coisas negativas acerca do Eric para dizer neste livro. Há certas coisas que poderiam ter sido descobertas ou que ele poderia ter feito nos livros anteriores.
Beijinho

Cláudia disse...

Sim, concordo que houve muitas coisas incorrectas da parte do Eric nos livros anteriores, mas não ao nível do que aconteceu neste. Foi abrupto e muitos dos fãs da série eram também fãs dessa personagem, o que se torna desagradável.