quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Opinião: Príncipe Mecânico (Caçadores de Sombras: As Origens #2)

Título original: Clockwork Prince (2011)
Autor: Cassandra Clare
Tradução: Irene Daun e Lorena e Nuno Daun e Lorena
ISBN: 9789896573546
Editora: Planeta (2013)

Sinopse:

No submundo mágico da Londres vitoriana, Tessa Grayencontrou por fim a segurança com os Caçadores de Sombras.  Mas esta torna-se efémera quando forças desonestas na Clave se revelam para destruir a sua protectora, Charlotte, e substituí-la como chefe do Instituto. 
Se Charlotte perder a sua posição, Tessa será posta na rua – e presa fácil para o misterioso Magister, que deseja usar os poderes de Tessa para os seus fins obscuros. 
Com a ajuda do bonito e autodestrutivo Will e do devotado  e dedicado Jem, Tessa descobre que a guerra do Magister contra os Caçadores de Sombras é pessoal. 
Quando encontra um demónio mecânico com um aviso de Will, apercebe-se que o Magister sabe de todos os seus movimentos… e que um deles os traiu. 
Tessa descobre que o seu coração está cada vez mais atraído por Jem, apesar do seu anseio por Will e dos sombrios estados de alma que continuam a abalar a sua confiança. 
Mas algo está a mudar em Will… a parede que construiu à sua volta desmorona-se. 
A verdade leva os amigos para o perigo, e Tessa descobre que quando o amor e mentiras se misturam podem corromper até o coração mais puro.

Opinião:

A prequela da série de sucesso "Caçadores de Sombras" continua a dar provas de que é mais emocionante. Depois de Anjo Mecânico ter funcionado mais a nível introdutória, Cassandra Clare apresenta Príncipe Mecânico, um livro com um maior desenvolvimento de narrativa, das personagens e suas relações, assim como a dose certa de ação.

Os intuitos do Magister nesta guerra contra os Caçadores de Sombras começam a ser expostos e fazem sentido. É interessante verificar que não se trata apenas de uma busca desenfreada por poder, sendo principalmente o resultado de uma história antiga e de carácter bastante pessoal. É bom haver um vilão com propósitos definidos, pois isso acaba por validar as ações do "lado do bem", para além de que aumenta a percepção de perigo, o que torna a leitura mais emocionante. Contudo, o papel de Tessa nesses planos ainda não está bem explícito, o que suscita algumas dúvidas. É também bom ver que, apesar de este ser um confronto entre o Magister e os Caçadores de Sombras, todos os outros seres sobrenaturais acabam por se ver envolvidos, quer direta ou indiretamente, o que leva à sua exposição durante a narrativa e torna o livro mais enriquecedor.

Enquanto no primeiro volume não fiquei totalmente convencida com Tessa, desta vez fiquei mais satisfeita com a heroína desta trilogia. Ela finalmente começa a aceitar os seus dons incomuns, apesar de continuar a  procurar e a questionar a razão de assim ser. Esta busca pode ainda não a conduzir a respostas claras, mas acaba por levá-la a deparar-se com situações que aumentam a intriga. Apesar de continuar a ter uma personalidade bastante banal e de desempenhar o papel de menina indefesa, começa a tentar mudá-lo e isso é bom. Tessa sabe que dificilmente poderá ser uma lutadora ao nível dos outros Caçadores de Sombras, mas finalmente começa a entender que estar parada não à espera que a salvem não é solução. Assim, nota-se claramente que a sua estadia no Instituto de Londres foi benéfica para o seu desenvolvimento.

O triângulo amoroso que existem entre Tessa, Jem e Will continua. Aqui, existem desenvolvimentos, e também se vê claramente que a protagonista trava uma luta interna. Tessa tem sentimentos pelos dois rapazes e isso acaba por se refletir na própria percepção do leitor. Afinal, Cassandra Clare criou duas figuras masculinas completamente distintas e que funcionam como complemento um do outro. Assim, é difícil escolher lados. Will é um jovem arrebatador, impulsivo, culto e apaixonado que usa uma máscara de rebeldia para esconder a sua verdadeira essência, aspecto que atrai as mulheres que adoram mistérios. Jem é um rapaz amável, correcto, sensível, que sabe como tratar uma mulher e que tem um lado frágil que apela aos instintos de protecção. A diferença entre estas figuras cria situações fortes e apela à leitura.

Existem personagens secundárias que me despertaram mais a curiosidade neste volume, do que no primeiro. É o caso de Charlotte, uma mulher fora da sua época, que tenta provar a todos que não é por não ser homem que tem menos qualidades de liderença. É interessante ver como os valores e normas da época acabam por colocá-la em situações ingratas, nomeadamente devido ao preconceito existente nos seus pares. Esta luta pela igualdade de direitos entre géneros acaba por ser o pano de fundo de todo este volume, aproximando-o mais da Era Vitoriana.

O enredo deste volume possui uma série de reviravoltas bem conseguidas e que aumentam o interesse pela leitura. Não só é bom perceber as motivações do vilão, como ainda ver como a sua influência se consegue infiltrar em figuras inesperadas. Revelações sobre alguns factos relativos ao passado de figuras principais também estão bem conseguidas, pois ao desvendarem pouco acabam por dizer muito e provocar grandes alterações. A tomade de certas decisões também impressiona e faz crescer a curiosidade sobreo volume final.

Com este volume de "Caçadores de Sombras: As Origens", Cassandra Clare consolida este universo. A leitura é rápida graças ao interesse gradual, ficando agora a vontade de pegar rapidamente na conclusão desta prequela de forma a descobrir o destino que a autora reserva para estas personagens.

Outras opiniões a livros de Cassandra Clare:
A Cidade dos Ossos (Caçadores de Sombras #1)
A Cidade das Cinzas (Caçadores de Sombras #2)
A Cidade de Vidro (Caçadores de Sombras #3)
A Cidade dos Anjos Caídos (Caçadores de Sombras #4)
A Cidade das Almas Perdidas (Caçadores de Sombras #5)
Anjo Mecânico (Caçadores de Sombras. As Origens #1)

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