terça-feira, 19 de novembro de 2013

Opinião: A Lista dos Meus Desejos

Título original: La Liste de Mes Envies (2013)
Autor: Grégoire Delacourt
Tradução: Tânia Ganho
ISBN: 9789896721985
Editora: Suma de Letras (2013)

Sinopse:

Uma história tocante sobre a felicidade das coisas simples da vida. «O meu nome é Jocelyne. Quando era jovem, sonhava trabalhar no mundo da moda em Paris e conhecer um Príncipe Encantado. Mas a vida foi passando e, afinal, tenho uma retrosaria, o meu marido pouco ou nada me liga e os meus filhos já deixaram o ninho. Mas a sorte mudou e, agora, posso ter tudo o que sempre desejei. No fim de contas, agora posso ter tudo o que sempre desejei. Mas começo a duvidar se o dinheiro me trará realmente a felicidade e se não terei mais a perder do que a ganhar…» Uma história luminosa, comovente e divertida sobre o amor e o acaso, que já inspirou mais de meio milhão de leitores em todo o mundo a procurar a verdadeira felicidade.

Opinião:

Livros pequeno mas que proporciona diversas reflexões, A Lista dos Meus Desejos lê-se rapidamente e deixa transparecer uma grande variedade de emoções. O autor pegou num dos principais desejos dos europeus para explorar as relações humanas e a ideia de felicidade.

Jocelyne, a protagonista, é uma mulher madura que muito provavelmente vai levar algumas leitoras a reverem-se nela. Com o passar das páginas, percebe-se que se trata de uma pessoa que colocou de lado os seus sonhos de juventude por amor. Apesar de inicialmente ela parecer arrependida de o ter feito, a verdade é que acaba por dar a ideia de que está conformada com as suas escolhas, já que em pequenas ocorrências e gestos comuns que encontra a sua alegria.

Pode não ser fácil gostar desta protagonista. É verdade que se trata de uma mulher amável, simples e humilde, mas percebe-se que está demasiado acomodada à sua aituação atual. Se por um lado o autor tenta transmitir a ideia de que ela se sente bem assim, por outro deixa transparecer que se trata de alguém sem coragem para lutar por algo melhor. Esta indefinição é constante ao longo de toda a leitura e levará o leitor a questionar sempre o que, afinal, Jocelyne quer da sua vida.

Quando a primeira reviravolta da trama acontece, o leitor poderá ficar um pouco desagradado com a total incapacidade da protagonista reagir. Jocelyne sonha constantemente com um futuro melhor, mas quando a agrande oportunidade surge ela é incapaz de se mover, o que se torna frustrante. Percebe-se a ideia de o autor tentar mostrar que a felicidade pode estar nas pequenas coisas no nosso quotidiano, mas a protagonista claramente deseja mais para si e o motivo para nada fazer acaba por ser o medo de perder o pouco que tem.

A lista de desejos da protagonita vai sendo construída ao longo da narrativa. Ao início é quase divertido  assistir aos tópicos que ela salienta, afinal, tratam-se de pequenas coisas tais como ferros de engomar ou descacadores de batatas. O leitor fica com vontade de lhe chamar à atenção de que ela já não precisa de passar a ferro ou descascar batatas, que pode pagar a alguém que o faça por ela. Existe humor no rídiculo da siatuação. Contudo, chega-se a um ponto em que se percebe o seu medo de sonhar mais alto e de enfrentar uma mudança.

Apesar de algumas situações e opções poderem ser consideradas estranhas, a verdade é que este livro faz pensar sobre os sentimentos e pensamentos que poderíamos ter se nos encontrássemos na mesma situação (serei a única pessoa a não me importar de os experimentar?).  É estabelecida a dualidade entre o que o materialismo e os valores mais espirituais. Existem duas personagens que, claramente, representam cada um desses lados, havendo um choque entre ambos que resulta numa reviravolta curiosa. O desfecho deste confronto resulta na moral que o autor parece querer transmitir através desta obra.

O estilo de escrita de Grégoire Delacourt é quase lírico, transmite beleza e proporciona uma leitura rápida. Fica, contudo, a sensação que tudo aconteceu demasiado depressa e que certas situações poderiam estar melhor exploradas. O final parece demaiado frio e acaba por deixar uma leve sensação de tristeza.

Livro que mostra que a felicidade é uma ideia subjetiva e alcançada por objetivos mais pequenos, A Lista dos Meus Desejos mostra que o comodismo gera frustração e uma vida incompleta. Uma leitura um peso maior do que aquele que aparenta.

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