sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Opinião: Duna (Crónicas de Duna #1)

Título original: Dune (1965)
Autoria: Frank Herbert
Tradução: Jorge Candeias
ISBN: 978896372484
Editora: Edições Saída de Emergência (2010)

Sinopse:

Tem nas suas mãos aquele que é considerado o melhor romance de ficção científica de sempre. Uma obra que arrebatou a crítica com o estilo poderoso de Frank Herbert e conquistou milhões de leitores com a sua imaginação prodigiosa. Prepare-se para uma viagem que nunca irá esquecer, até um longínquo planeta chamado Arrakis... O Duque Atreides é enviado para governar o planeta Arrakis, mais conhecido como Duna. Coberto por areia e montanhas, parece o local mais miserável do Império. Mas as aparências enganam: apenas em Arrakis se encontra a especiaria, uma droga imensamente valiosa e sem a qual o Império se desmoronará. O Duque sabe que a sua posição em Duna é invejada pelos seus inimigos, mas nem a cautela o salvará. E quando o pior acontece caberá ao seu filho, Paul Atreides, vingar-se da conspiração contra a sua família e refugiar-se no deserto para se tornar no misterioso homem de nome Muad´Dib. Mas Paul é muito mais do que o herdeiro da Casa Atreides. Ao viver no deserto entre o povo Fremen, ele tornar-se-á não apenas no líder, mas nummessias, libertando o imenso poder que Duna abriga numa guerra que irá ter repercussões em todo o Império...

Opinião:
“Deus criou Arrakis para treinar os fiéis”

Duna, de Frank Hebert é considerado o melhor romance de ficção científica de sempre e a falta de uma edição portuguesa completa e de qualidade, não deixava satisfeitos os leitores amantes do género e os curiosos.

Num universo alternativo, assiste-se a uma grande evolução tecnológica e a uma cultura bastante completa e dissemelhante da nossa – apesar de ser possível adivinhar pontos de inspiração em algumas sociedades humanas. Governado pelo Imperador Padixá Shaddam IV, são apresentados alguns planetas distintos a todos os níveis, administrados pelas grandes Casas Nobres.

Entre esses planetas, encontra-se Arrakis, ordinariamente conhecido como Duna, uma vez que é um planeta deserto, onde a vista apenas alcança areia e montanhas. Aquele que parece ser o planeta mais insignificante e deplorável do Império esconde uma grande riqueza: a especiaria, uma droga imensamente valiosa para o império, que é consumida para diversos fins, entre os quais o alcance de uma profunda clarividência e de visão, servindo ainda como fonte de energia que permite as viagens supersónicas. A especiaria é, então, muito cobiçada, uma vez que permite uma contínua evolução o que origina riqueza a quem a explora.

O governo de Duna é alternado entre as grandes casas nobres, e no início da leitura assiste-se à fase em que o Duque Atreides sobe ao poder no planeta. A pose de Arrakis é cobiçada, graças à exploração da especiaria, e o Duque vê-se envolto num esquema que o quer destituir das suas funções, onde caberá ao seu filho e herdeiro, Paul, vingar-se da conspiração que ataca a sua família. O que os inimigos da família Atreides não esperavam era a revelação da verdadeira natureza de Paul, que não é apenas um jovem, mas um ser com todas as capacidades para se tornar no messias das mais antigas lendas que irá libertar o poder de Duna que irá atingir todo Império.

Duna é uma obra impressionante. Apresenta culturas novas e bastante completas, onde se destacam os povos livres do planeta deserto em oposição aos nobres governantes. São contempladas reflexões profundas acerca diversos temas, tais como política, religião, ecologia, destino e até mesmo valores pessoais e crescimento.

Um dos assuntos mais curiosos prende-se com o valor que é dado às coisas, uma vez que se assiste a um conflito onde o Império pretende a exploração de Duna para obter a especiaria, enquanto o povo do planeta luta diariamente para manter a sua maior preciosidade: à água. Uma questão que é facilmente transposta para a actualidade é aqui descrita com um rigor espantoso e em volta do qual o esquema de valores pessoal é construído, o que modifica personalidades e estados de estar na vida.

Esta demanda por um ideal que teve como base inicial a vingança, apresenta personagens marcantes, onde se destaca Paul, o herói que não consegue fugir ao destino, que enfrente um forte crescimento motivado pelos acontecimentos que revelam a sua essência e missão que irá alterar o Império. Existem outros grupos de personagens com um forte peso, como as Bene Gesserit ou os mentat, que graças à sua originalidade e aos seus propósitos fortes e credíveis, facilmente conquistam o leitor.

A imaginação de Frank Herbert é de louvar. O autor consegue surpreender positivamente, tendo em conta que a data da primeira publicação ter sido na década de 1960. Herbert não só criou um universo intemporal onde o leitor se depara com as mais diferentes questões, como ainda se tornou o inventor de diferentes dispositivos fascinantes, tal como o fato que permite a reciclagem da água corporal.

No final do livro é possível ter acesso a alguns apêndices onde o leitor pode encontrar uma explicação mais centrada nas questões da polícia e religião do planeta, assim como o papel das misteriosas Bene Gesserit. A grande utilidade dos apêndices faz com que se sinta a falta de uma lista completa das personagens, uma vez que ao início da leitura, quando se está numa fase de adaptação à terminologia e aos novos nomes, existem algumas complicações quanto à sua distinção e memorização.

Esta é uma edição de grande qualidade, sendo de louvar o trabalho de tradução ao encargo de Jorge Candeias. O trabalho árduo é facilmente detectado, tanto pelo rigor da língua, como pela fuga ao facilitismo de manter palavras e expressões na língua original, o que não teria qualquer lógica uma vez que se trata de um conceito completamente novo.

O leitor dificilmente abandonará Duna e o fim da leitura faz crescer a vontade de ler as restantes obras de Frank Herbert, nomeadamente O Messias de Duna (publicado em 2011 pela Saída de Emergência), Children of Dune, God Emperor of Dune, Heretics of Dune e Chapterhouse: Dune, de forma a completar as Crónicas de Duna, uma vez que pareceu ter ficado tanto por explorar, e na necessidade de conhecer os eventos que se seguirão. Esta é sem qualquer dúvida uma leitura obrigatória.

5 comentários:

Anónimo disse...

É um livro que me desperta muita curiosidade. Tenho de ler. Obrigada pela opinião. Beijos

Cláudia disse...

De nada Catarina ;) Este é um livro muito muito bom!*

Fiacha disse...

Olá Cláudia,

O melhor livro que li da Coleção Bang e não é fácil escolher o melhor, mas foi o que mais me marcou, abrindo-me horizontes para ler mais FC e em boa hora o fiz :)

Bjs

Cláudia disse...

Só é pena ainda não ter sido mais nenhum das Crónicas de Duna.

Fiacha disse...

Olá,

Já saiu o Messias de Duna, que é bom mas para mim não tão bom como este.

Apenas está previsto mais um mas é verdade já vai muito tempo que o Messias foi publicado, acho algo injusto não publicarem o 3 livro, afinal nos que compramos e lemos os dois primeiros merecemos tanto como os que lêm Bishop por exemplo...mas pronto a aguardar por melhor momento, enfim é esperar :)

Bjs