sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Opinião: Adeus, Por Enquanto

Título original: Goodbye for Now (2012)
Autor: Laurie Frankel
Tradução: André Chêdas
ISBN: 9789722526487
Editora: Bertrand Editora (2013)

Sinopse:

Sam Elling é um programador informático que trabalha para uma agência de encontros. Um dia, só pelo desafio, cria um algoritmo que permite a cada pessoa encontrar a sua alma gémea. É uma descoberta maravilhosa, pois graças a ela conhece o amor da sua vida, Meredith, e ao mesmo tempo terrível, uma vez que leva Sam a perder o emprego – afinal, uma agência de encontros não funciona se toda a gente conhecer logo a pessoa certa.Quando Livvie, a avó de Meredith, morre subitamente, Sam – que tem os dias desocupados e não suporta ver Meredith a sofrer com esta perda – volta a criar um algoritmo; desta vez, um que permite gerar uma simulação online da própria Livvie (com base nos seus e-mails, sms e perfil de Facebook). Parece bruxaria, mas é só informática. Meredith adora conversar com esta sua avó virtual, e conclui que ela e Sam têm o dever de partilhar esta fabulosa invenção com o mundo inteiro.Assim, criam a empresa RePousa, que permite a praticamente qualquer um comunicar com uma versão virtual dos seus entes queridos já falecidos. Contudo, estes reencontros virtuais levantam problemas bem reais, porque, por cada pessoa que só quer uma última despedida, há outra que simplesmente não consegue dizer adeus…

Opinião:


Laurie Frankel e a Bertrand Editora apresentam um romance que leva a refletir sobre o amor nas suas mais diferente formas e sobre o processo de luto.

Sam Elling é o protagonista desta trama. Programador informático, Sam trabalha numa agência de encontros. Numa primeira fase, existe uma chamada de atenção para as questões ligadas à procura do par romântico perfeito. É com curiosidade que se observa o sucesso de Sam neste campo, assim como a insatisfação de grandes empresários que vêem no insucesso e na necessidade de procura constante um negócio rentável.

Mais tarde, Sam conhece a mulher com que sempre sonhou. A relação de ambos desenvolve-se demasiado depressa e apesar de ser perceptível que os dois complementam-se, parece faltar uma base mais consistente para este relacionamento que é apresentado como inquebrável.

Apaixonado por Meredith, Sam tenta aliviar a dor dela quando perde a avó subitamente. O informático cria um algoritmo que permite simular a avó da namorada. Neste campo, o leitor é levado a pensar sobre o que deixa de si na internet e nos registos telefónicos. Afinal, Sam prova que esses dados são o suficiente para recriar a pessoa que os produz, dando a entender que a sociedade atual tem uma grande necessidade de se mostrar ou expressar através de ferramentas associadas à tecnologia, deixando um rasto que não desaparece facilmente.

Contudo, o ponto fundamental desta leitura acaba por ser o luto, a despedida. Através do algoritmo de Sam, é possível verificar diferentes reações. Em primeiro lugar, há os que não hesitam em o utilizar e aqueles que pensam que ao fazê-lo estão desrespeitar a memória da pessoa falecida. Por outro, entre aqueles que o usam, existem diferentes formas de utilização.  É com interesse que se observa esta variedade de experiências, que acabam também por fazer o leitor pensar sobre o que faria se tivesse a possibilidade oferecida a estas figuras.

Mais tarde, surge a resposta da sociedade em geral a este programa revolucionário. Foi bom a autora ter incluído esta vertente, apesar de não ter sido tão feroz quanto o que parece ter tentado fazer crer. Também as reações dos hospitais, nomeadamente das alas com doentes em estado terminal, acabam por sensibilizar e por fazer pensar sobre a importância de aproveitar a vida em detrimento do esforço de consolar as pessoas amadas.

A linguagem utilizada por Laurie Frankel é acessível, mas existem momentos na escrita que se tornam aborrecidos devido à repetição das mesmas ideias. As conversas de Meredith com a avó acabam por pouco ou nada variar, aborrecendo o leitor. A trama em si avança lentamente, proporcionando um ritmo de leitura repleto de pausas. A reviravolta perto do final é esperada e a reacção do protagonista a esta acaba por não comover.

Adeus, Por Enquanto, é um livro que trata de um dos assuntos que maiores receios da humanidade: a morte. Apesar de conter diversos acontecimentos tristes e dramáticos, a verdade é que são poucos os que realmente tocam. Isto pode acontecer pelo exagero de algumas situações ou pela fraca empatia que existe para com as personagens. Porém, as reflexões inerentes acabam por dar um maior valor a esta obra que vai cativar quem se interessa pelos temas abordados.

2 comentários:

Mafi disse...

Eu gostei imenso deste. Concordo que a escrita e as personagens não sejam as melhores mas achei o propósito do livro muito original e fez-me reflectir sobre vários assuntos! Um bom livro.

Cláudia disse...

Os temas que o livro aborda e as reflexões que provoca são mesmo o melhor, mas existem várias falhas que não provocam a intensidade que eu esperava.