terça-feira, 16 de julho de 2013

Opinião: A Rapariga de Papel

Título original: La Fille de Papier (2010)
Autor: Guillaume Musso
Tradução: Sérgio Coelho
ISBN: 9789722526388
Editora: Bertrand Editora (2013)

Sinopse:

Há apenas alguns meses, Tom Boyd era um escritor famoso em Los Angeles, apaixonado por uma célebre pianista. Mas na sequência de uma separação demasiado pública, fechou-se em casa, sofrendo de bloqueio artístico e tendo como única companhia o álcool e as drogas. Certa noite, uma desconhecida aparece em sua casa, uma mulher linda e completamente nua. Diz ser Billie, uma personagem dos romances dele, que veio parar ao mundo real devido a um erro de impressão do seu livro mais recente.
A história é uma loucura, mas Tom acaba por acreditar que aquela deve ser de facto a verdadeira Billie. E ela quer fazer um acordo com ele: se ele escrever o seu próximo romance, ela poderá regressar ao mundo da ficção. Em troca, ele ajuda-a a reconquistar a sua amada Aurore. O que tem ele a perder?

Opinião:

A Rapariga de Papel é um romance onde Guillaume Musso que leva o leitor a reflectir sobre as diversas facetas do amor, o valor da amizade, o poder da imaginação, a dureza da vida e a forma como todos os seres humanos estão interligados e podem fazer a diferença mesmo em quem não conhecem.

Tom Boyd é o protagonista desta trama. Escritor norte-americano famoso, viveu uma intensa paixão com uma pianista mediática e conhecida pela sua beleza e pelos seus relacionamentos fugazes. A inevitável separação foi dura para Tom, que depois de uma humilhação pública refugiou-se no álcool e nas drogas. A dor levou-o ainda a sofrer um bloqueio artístico, precisamente na altura em que se preparava para iniciar o tão esperado derradeiro livro da sua trilogia.

O leitor depara-se, inicialmente, com um Tom sofredor de depressivo. A história da relação é contada através de recortes de jornais, o que promove a ideia do poder dos meios de comunicação na vida das celebridades. Pode não ser fácil gostar deste Tom que desistiu de tudo o que tinha de bom por uma mulher. Contudo, este sentimento começa a ser alterado graças ao aparecimento de Billie.

Billie não é nada mais, nada menos do que uma das personagens da trilogia de sucesso de Tom. O protagonista vai ter dificuldade em aceitar este facto e, tal como o leitor, vai suspeitar do desenvolvimento de loucura. Afinal, Billie acaba por provar que é fruto da imaginação de Tom e o seu aparecimento é fruto de um erro de impressão. Esta personagem quer a todo a custo voltar para o seu mundo e, para tal, precisa que o autor ultrapasse a depressão e termine o livro que tem para escrever.

Tom começa, aos poucos, a tomar as rédeas da sua vida, graças à improvável Billie. Juntos vivem uma aventura que consegue agarrar o leitor. Os momentos divertidos são deliciosos, enquanto os mais pesados fazem recordar as principais dificuldades da vida. Com a recuperação de Tom surgem também revelações impressionantes sobre este protagonista e os seus amigos. Exemplos de que a mudança é possível e de que as pessoas podem sempre almejar uma vida melhor, servem de exemplo para quem sofre. Paralelamente, o autor expõe ainda o poder dos livros como escape para um mundo mais belo, onde é possível encontrar forças para continuar a lutar e resistir. Com o virar das páginas, sente-se cada vez mais empatia pode este Tom refeito.

A existência de pequenas histórias paralelas que estão ligadas de forma indirecta proporcionam momentos doces e que fazem reflectir em como a humanidade se encontra unida, mesmo sem ter a percepção de tal. O final não é bem o esperado e pode desiludir os fãs de tramas mais fantásticas.

Guillaume Musso apresenta um estilo de escrita cuidado, em certos momentos quase lírico, mas sempre simples de acompanhar. É interessante ver as preocupações do próprio autor reflectidas na personagem de Tom, nomeadamente quanto ao poder das descrições. Existem apenas algumas incongruências quanto à tradução – algumas expressões inglesas que não foram traduzidas, sendo que nem todas possuem nota de rodapé.

Terminada a leitura, fica-se com a sensação que se esteve perante uma leitura leve mas inspiradora. Mesmo que não seja um livro prodígio, faz o leitor relembrar as leituras que mais o marcaram e a forma como estas o alteraram. A Rapariga de Papel é escrita por um amante de livros para amantes de livros, prova dada pelas belas citações de outras obras que iniciam cada capítulo. Um doce.

2 comentários:

Carla disse...

Olá Lia,
Também li este livro e gostei muito, não sendo o meu preferido deste escritor mas no entanto é muito intrigante.
Boas leituras;)

Cláudia disse...

Não li mais nada deste autor. Qual é o teu preferido dele?