ISBN: 9789897020605
Editora: Guerra & Paz
Sinopse:
Numa viagem em busca de si mesma, Alice escreve a primeira de muitas cartas a um grande amor. Não imagina que, na morada para onde envia as cartas, vive António, um homem que nunca viu. O homem recebe a primeira carta e as palavras daquela mulher que também não conhece, confrontam-no com aquilo de que sempre fugira.
Alice é uma mulher divorciada à procura do seu próprio rumo. António
é um padre que, nunca ousou trilhar o caminho do amor. Todas as Palavras
de Amor é um romance que começa com a surpresa de um engano. Depois, em páginas
de uma escrita fulgurante, aprendemos que um engano talvez seja a melhor forma
de modificar duas vidas para sempre.
Opinião:
O amor é complexo, abrangente e pode ser vivido
de diferentes formas. Em Todas as Palavras de Amor, Ana Casaca explora o
sentimento sublime através de diferentes personagens. Inicialmente o texto é
apresentado essencialmente sobre a forma de carta, e mais tarde temos um maior acesso a um discurso
narrativo na terceira pessoa.
Alice, a protagonista da trama, é uma mulher
cansada de viver numa ilusão. Decicida a alcançar a felicidade plena, deixa
tudo para trás e parte numa viagem onde julga ter descoberto o homem dos seus sonhos.
Apaixonada, aproveita a intimidade que a palavra escrita transmite para enviar
uma série de cartas ao homem que a fez descobrir o amor durante uma semana
intensa. Nestas cartas, podemos ver que Alice quebrou barreiras e desafiou
limites impostos pela sua família para iniciar aquela viagem. Percebemos a
pressão psicológica de que foi alvo ao longo da vida através das respostas da
sua mãe e vemos que esta protagonista é uma mulher emotiva, forte, profunda e que tem esperança de
vir a encontrar um futuro melhor.
Mas as cartas que Alice escreveu para aquele
homem apaixonante não chegam ao seu destinatário. Por algum motivo, a correspondência vai parar a casa de um padre que partilha o nome do destinatário original.
António fica perplexo quando lê a primeira carta pois sente uma
ligação forte com aquela mulher desconhecida para além de ser interpelado para a sua existência. Através destas cartas, António
revisita o passado, tenta perceber o que realmente levou a assumir aquela
missão, questiona a sua vocação e descobre o que realmente pretende para si.
Ao ler este livro relembrei, por diversas vezes,
a frase "não existem coincidências". Em Todas as Palavras de Amor,
tudo começa como fruto de um engano, de um erro. O leitor percebe facilmente
que diversos acontecimentos que à partida, não deveriam ter qualquer relação
aqui têm. Destaco o facto de tanto o homem por quem Alice se apaixonou em
Londres como o padre que recebe as suas cartas possuírem o mesmo nome. Com o
desenrolar da leitura, percebe-se a intenção desta escolha.
É uma história agradável, leve e que é lida num
instante, Contudo, a certo momento, achei que formato de carta já
surgia de modo exagerado. É certo que a autora tentou explicar que tal
acontecia por esta ser uma forma mais íntima de comunicação, mas tal pode não
ser facilmente aceite por todos os leitores, especialmente quando se transforma
na única forma de um casal, que está junto há vários anos, conseguir falar dos
seus sentimentos. É bonito e até poético, mas não inteiramente convincente.
Ainda sobre as cartas, por vezes senti que o
estilo de escrita utilizado por diferentes personagens era demasiado
semelhante. Gostava de ter percebido instantaneamente quem escrevia o quê, em
vez de ter de procurar a assinatura no final de cada carta para ter a certeza
de qual era a personagem que estava a falar.
Relativamente à narrativa, pareceu-me que seguiu
de uma forma linear e apelativa. A autora não se apressou com desenvolvimentos
e fez o leitor sentir as dúvidas e angústias das personagens que iam surgindo,
mesmo com aquelas por quem não foi criada empatia. Porém, não existiram grandes
surpresas. É fácil perceber a direção que está a ser tomada, a autora deixa
adivinhar quando tragédias vão acontecer e o final era o esperado.
Gostaria ainda de acrescentar que achei muito
curioso a autora ter-se baseado numa experiência pessoal para elaborar a base
deste livro. Afinal, Ana Casaca confessa que, em certo momento da sua vida,
recebeu diversos postais que lhe eram remetidos por uma estranha que,
aparentemente, viajava pelo mundo. A autora nunca percebeu o porquê de tal ter
acontecido, mas confessa que isso a fez refletir na sua vida.
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